Artigo

Pela porta dos fundos

Data da publicação: 08/11/2018
Autor(es): Alex Prado

Mas será que os 57 milhões de eleitores que levaram Jair Bolsonaro à presidência da República sabiam que ideias eram estas? Entre as muitas ações reveladas e outras escondidas, causa espanto o anúncio do fim do Ministério do Trabalho, exatos 88 anos após sua criação.

A Revolução de 1930 tirou o poder de uma elite política e econômica ainda apegada às benesses do Império, do compadrio e de uma visão econômica míope diante das capacidades do País. O fim da escravidão – sem reparações às vítimas -, a chegada maciça de imigrantes europeus – grande parte deles alfabetizada e politizada – e o início da industrialização no Brasil, impôs uma nova ordem social e política. Getúlio Vargas entendeu isto e criou, em setembro de 1930, o Ministério do Trabalho, da Indústria e do Comércio, nesta ordem, indicando a hierarquia.

Depois de quase 90 anos, não há historiador algum que consiga comprovar que o governo Vargas era comunista. Mas lá surgiram as primeiras leis civilizatórias que davam alguma proteção aos trabalhadores diante do poder desmedido dos patrões capitalistas. Jornada de trabalho, direito a férias e a aposentadoria, descanso semanal, carteira de trabalho, décimo terceiro salário, entre outros, que fazem parte do que o Estado garantiu aos trabalhadores brasileiros, depois de enfrentamentos históricos entre trabalho e capital.

Então, sucedendo a um governo que promoveu a maior perda de direitos trabalhistas e que entrega uma população desempregada de 14% da força de trabalho, outros 25% na informalidade; o novo governo, ainda apenas eleito, além de duvidar do números do IBGE, reconhecidos pelo FMI e Banco Mundial, anuncia o fim do Ministério do Trabalho. Em nome de uma pseudo racionalidade administrativa, acaba com o ministério, submetendo-o aos cânones da política econômica neoliberal. Bolsonaro avisou na pré-campanha: “ou temos empregos, ou temos direitos”.

Todos governos entram para a História. Mas os primeiros passos do governo Bolsonaro já indicam a escolha pela porta dos fundos…abutres, de especuladores.

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