pagou anúncio de página inteira nos principais jornais brasileiros, nesta segunda-feira, pressionando os congressistas a aprovarem a proposta de reforma da Previdência proposta pelo governo Bolsonaro. Como argumento, a FIESP apresenta um gráfico onde a Previdência “consome” 52% do orçamento da União. O pato, agora, é servido com laranja!
Maria Luísa Fatorelli, da Auditoria Cidadã da Dívida, uma das mais respeitadas especialistas em finanças públicas do Brasil, ex-auditora fiscal da União, apresenta dados que conflitam diretamente com os da FIESP. Fatorelli afirma que, na verdade, o grande gasto do orçamento federal, é destinado ao pagamento dos juros da dívida pública, num montante que chega quase a 42%. Já a Previdência, consome menos de 25%.
Quem são os defensores principais da reforma da Previdência? Primordialmente, o sistema financeiro, com interesses diretos em garantir o pagamento dos juros e serviço de uma dívida fomentada por eles mesmos e que, segundo a Auditoria Cidadã da Dívida, já foi paga várias vezes, em detrimento de políticas sociais (onde se inclui a Previdência) e, claro os maus pagadores, muitos deles abrigados na pirâmide colossal da Avenida Paulista, sede da FIESP, e nos grandes veículos de comunicação.
A insensibilidade destes atores sociais quer impingir à sociedade brasileira um regime previdenciário dos mais retrógados e restritivos das economias ocidentais, inclusive com quebra de regras já estabelecidas e de grande impacto na criação de um estado de bem estar social, previsto pela Constituição de 1988.
O Chile, cuja Previdência, é a fonte inspiradora do ministro da economia de Bolsonaro, colhe agora, quase 30 anos depois da reforma, ou seja, na hora de usufruir a aposentadoria, pensões muito inferiores às promessas da época da sua implantação. Os aposentados chilenos estão vivendo uma situação de penúria, com muitos casos relatados de suicídios, o que pode se reproduzir no Brasil, num futuro próximo.