Em entrevista a jornalistas ontem (11/12), durante café da manhã na sede da empresa, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, extrapolou no direito de enganar a população brasileira.
Segundo ele, “o preço dos combustíveis tem de ser tratado como qualquer outro produto (arroz, feijão, carne etc) e não se deve definir periodicidade para os reajuste”.
Disse ainda: “Tem periodicidade para o preço da carne? O preço da carne deu um salto com o choque da oferta. E aí? Vamos fazer periodicidade e controlar o preço da carne? Não vai porque o controle de preços pertence ao museu de armas falidas contra a inflação há muito tempo” .
Lembrou: “Não se justifica nenhum controle de preços de combustíveis, periodicidade. Deixa o mercado livre.”
Ora, o mercado de combustíveis no Brasil é livre desde a extinção do monopólio ocorrida no governo FHC.
Ocorre que a atual política de preços adotada pela Petrobras distorce a liberdade de mercado beneficiando refinarias no exterior (principalmente nos EUA) e prejudicando a própria Petrobras que perde mercado para o produto importado ficando com suas refinarias na ociosidade. Prejudicando o consumidor brasileiro que paga preços extorsivos e prejudicando a economia brasileira que fica menos competitiva.
Será que presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, não sabe qual é a política de preços adotada pela Companhia? Não sabe como a empresa determina o preço de venda dos derivados em suas refinarias?
A atual política de preços esta descrita no site da empresa:
Fonte: site Petrobras
Portanto, a Companhia adota o que eles chamam de Preço de Paridade de Importação – PPI, calculado da seguinte forma:
PPI = preço internacional + frete ate o Brasil + custo de internação no mercado brasileiro (porto, algandega) + seguro para variação cambial e de preços dos combustíveis.
Verifica-se portanto que o preço adotado pela Petrobras é igual ao custo de importação dos combutiveis ou seja:
PPI = custo de importação
Nós consumidores brasileiros então perguntamos: de que serve a Petrobras? Podemos então fechá-la e passar a importar tudo, como ocorria antes de sua criação nos anos 50. Aliás este é o “sonho” confesso de Castello Branco.
De que adianta a empresa ser líder mundial na produção em aguas profundas e ultra profundas?
De que adianta sermos autossuficientes em produção de petróleo e refino?
De que adianta a descoberta do pré-sal?
Os preços do feijão do arroz e da carne podem ser estabelecidos com base nas cotações internacionais, mas nunca com base no “custo de importação”.
Se o produtores brasileiros (arroz, feijão, carne etc) adotassem a mesma política da Petrobras, o mercado brasileiro seria invadido por fornecedores estrangeiros.
Será que o presidente da Petrobras não sabe disto?
Vamos dar o exemplo do diesel. O custo de produção da Petrobras gira em torno de R$ 1,00 por litro. Adotando o Preço de Paridade de Importação – PPI a Petrobras cobra em suas refinarias em torno de R$ 2,10 por litro. Isto faz com que o preço para a consumidor (na bomba) fique em media (ANP) em R$ 3,80.
Se a Petrobras adotasse apenas o preço internacional, ao invés de cobrar R$ 2,10 (PPI) por litro de diesel em suas refinarias cobraria R$ 1,70 o que faria com que o preço para o consumidor (na bomba) caisse para cerca de R$ 3,00.
A Petrobras seria mais do que recompensada pois retomaria o mercado perdido para as refinarias estrangeiras, eliminando a ociosidade em suas próprias refinarias. Por outro lado o consumo interno aumentaria com a redução do preço, dinamizando a economia brasileira.
A atual capacidade de refino é suficiente para atender o mercado principalmente depois que foi aumentada a adição de etanol na gasolina e de bio combustível no diesel.
Ainda que mesmo assim houvesse a necessidade de alguma pequena importação de derivados, seria vantajoso para a Petrobras, como demonstramos no artigo a seguir:
Portanto temos de exigir a imediata interrupção desta política de preços nefasta e criminosa solicitando na justiça a punição dos responsáveis.
Cláudio da Costa Oliveira
Economista da Petrobras aposentado