No século passado, a culpa pelos altos preços dos combustíveis no Brasil era atribuída à Petrobrás. Mas, durante os governos militares, houve grande investimento no setor petróleo, tanta na construção e reforma de refinarias, dutos e terminais, como em bases e postos de distribuição de derivados por todo País.
Em 1985, o Brasil só não era autossuficiente na produção de petróleo. Mas já detinha a tecnologia que levou à descoberta do pré-sal e à produção, em tempo recorde na indústria mundial, de campos sob águas ultra profundas e reservatórios complexos. A Petrobrás detinha então o monopólio constitucional do petróleo brasileiro e se afirmava, no mundo tecnológico e dos negócios, como uma grande empresa de petróleo. E o Brasil também lucrava com suas empresas de engenharia e produtoras de bens de consumo, na esteira da Petrobrás, vendendo serviços e produtos no País e no exterior.
Com a nova política, implantada a partir de 1997, começa a regredir todo este esforço nacional: esforço de trabalhadores, de empresários e de capitais. Tem início o modelo denominado neoliberal.
Hoje, nesta terceira década do século XXI, o Brasil vive o auge, o clímax deste modelo ultraliberal, com apoio da mídia hegemônica e a desfaçatez de autoridades e dos que deveriam defender o povo e o interesse nacional.
Quando o Governo resolveu criar a Petróleo Brasileiro S.A. – PETROBRÁS, o objetivo era abastecer todo território nacional de derivados de petróleo aos menores custos possíveis.
Não se podia garantir que as condições geológicas nacionais permitiriam alcançar a autossuficiência na produção de petróleo, o que não ocorre em quase todos os países europeus, mas, a exemplo do que ocorre naquele continente, todos os países são autossuficientes na produção de derivados.
A Petrobrás garantiu esta meta.
O que acontece com os países que deixam tão vital condição de existência em mãos privadas, hoje em mãos estrangeiras, pois o petróleo nunca foi e com a economia atual não é, de modo algum, um produto que permita competição no mercado. São poucos grupos, controlados por empresas financeiras, que, exceto onde haja a presença atuante do Estado, controlam a produção e preços do petróleo e derivados.
Imaginemos então que se continue a entregar as instalações da Petrobrás para estas empresas internacionais. Como serão abastecidas as Forças Armadas num caso de conflito aqui, na América do Sul? Onde a Marinha terá combustível para seus navios de guerra, onde as aeronaves poderão se abastecer, como será possível garantir o deslocamento das tropas terrestres?
Porque empresas privadas estrangeiras apenas terão o objetivo de lucro rápido e máximo. Os opositores do Brasil poderão pagar mais. E a derrota será inevitável.
Aliás, foi com esta constatação, que teve início, nos primeiros anos do século XX, o movimento militar para garantir que o Brasil teria o controle do petróleo. Figuras notáveis de nossa história como Leitão de Carvalho, Horta Barbosa, Felicíssimo Cardoso, Artur Bernardes lutaram bravamente, levantaram o povo para que este estratégico produto ficasse sob mãos brasileiras.
Vemo-nos hoje como os militares e civis brasileiros dos anos 1930/1940 deviam se sentir: a nação que depende do exterior para a movimentação de suas Forças Armadas. E isto depois de conquistarmos a tecnologia em todos os segmentos do petróleo, investirmos em exploração para nos tornar autossuficientes na produção de petróleo e construir um parque de refino e distribuição adequado à extensão territorial do Brasil e à defesa deste território.
Sem o controle do petróleo de nada servem as Forças Armadas e sem Forças Armadas não há país, há uma colônia dos capitais estrangeiros.
Associação dos Engenheiros da Petrobrás – AEPET