Apesar do destaque negativo dado pela mídia, diversos especialistas avaliam que o desempenho da Petrobrás está sendo bom em 2015, principalmente quando comparado com outras gigantes do petróleo. Paulo César Ribeiro Lima, consultor legislativo da Câmara dos Deputados, classifica o resultado da empresa como ótimo. “O lucro operacional da empresa foi de R$ 22,8 bilhões, 39% superior ao do 1º semestre do ano passado. O EBITDA (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado do foi de R$ 41,3 bilhões, um aumento de 35% em relação ao 1º semestre do ano anterior”, observa.
Além disso, Lima comenta que o fluxo de caixa livre foi positivo em R$ 4,5 bilhões ante R$ 15,8 bilhões negativos no 1º semestre de 2014. A produção de petróleo e gás natural da Petrobrás (Brasil e exterior) também cresceu: 9% em relação ao 1º semestre de 2014, atingindo a média de 2 milhões 784 mil barris de óleo equivalente.
Especificamente em relação ao 2º trimestre, período em que o lucro foi de apenas R$ 531 milhões, o especialista pondera que a Petrobrás decidiu reconhecer uma despesa tributária de IOF (R$ 3,1 bilhões) e juros sobre ela (R$ 1,3 bilhão), além de um impairment de ativos (R$ 1,3 bilhão) devido à postergação, retirada e alteração de escopo de projetos de acordo com as novas premissas do Plano de Negócios e Gestão 2015-2019. “Essa despesa tributária está relacionada com pagamento de IOF sobre empréstimos entre a empresa e suas controladas no exterior, algo que não vai se repetir.”
Excetuando este ‘esqueleto’ tributário e o impairment, o lucro da Petrobrás foi de R$ 6,2 bilhões no 2º semestre, elevando para R$ 11,5 bilhões o lucro de fato no primeiro semestre. “O resultado seria ainda melhor sem a forte desvalorização cambial ocorrida no período”, pondera, destacando que o lucro EBITDA, de R$ 43 bilhões, é o que deve ser ressaltado, principalmente se comparado com outras empresas, como a Vale, cujo EBITDA foi de R$ 11,5 bilhões no mesmo período.
Já o vice-presidente da AEPET, Fernando Siqueira, acentua que a desaceleração no lucro das petroleiras é decorrência do preço temporariamente baixo do petróleo no mercado internacional. “Este preço está sendo artificialmente jogado para baixo com o objetivo de enfraquecer os Brics, que têm a Rússia como principal locomotiva tecnológica e a China como principal financiador. Os Brics representam uma chance concreta de quebrar a hegemonia americana”, resume Siqueira.