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A “Demeritocracia” de Parente… …Saudades de quando o desafio era nossa energia

Data da publicação: 23/02/2017

Em nota recente, a gestão temerária que tomou de assalto a Petrobrás quer nos fazer crer numa suposta boa vontade para rever critérios de escolha da função especialista (consultores). Porém, contextualizando a mensagem criticamente, revelam-se suas indisfarçáveis intenções nas entrelinhas.

Em primeiro lugar, a nota afirma que se tem como norte a adequação desta função ao Plano Estratégico, mas não diz que este plano não tem qualquer legitimidade ante a força de trabalho. Os petroleiros, como de costume, não foram convidados a colaborar com a construção deste, mas são instados a acatá-lo bovinamente. Dessa vez, por ser marcadamente e injustificadamente entreguista, a categoria rechaçou ainda mais veementemente o mesmo, haja vista a fragorosa rejeição a este na pesquisa de ambiência.

Além disso, a infeliz iniciativa introduz na categoria mais uma divisão, gerando cizânia e animosidade, jogando petroleiro contra petroleiro.

Essa abordagem passa uma mensagem de verdadeira perseguição àqueles que se destacam pela capacidade técnica. Não há dúvidas que são necessários critérios e nomeações mais transparentes para a indicação destes profissionais. Mas isso não justifica, de maneira alguma, diminuir o número de consultores e os processos cobertos por estes. Muito mais que uma premiação àqueles que se dedicam com afinco por obter conhecimento técnico, essa função existe para buscar o domínio estratégico próprio da corporação, como elemento crucial de autodeterminação e emancipação tecnológica ante competidores internacionais vorazes, fato que ultrapassa os domínios da Petrobrás, dada sua dimensão e importância, abarcando o Brasil e sua população. Eleger consultores não se trata de mera meritocracia, mas sim da garantia de estabelecimento de condições soberanas.

Porque ao invés de entrar numa lógica obsessiva de corte de custos, a empresa não valoriza a “carreira em Y”, buscando uma política de maior nivelamento de gratificações para contemplar mais profissionais? A Petrobrás deveria incentivar esta carreira tendo como ferramentas critérios que enalteçam perfis técnicos, pessoas didáticas e que tenham capacidade de transferir conhecimento. Da forma como as coisas são conduzidas,vemos boa parte da categoria escolher a carreira de consultor por uma mera “corrida do ouro”, devido é claro, à diferença de remuneração entre os que possuem o cargo e a força de trabalho. Se os critérios forem transparentes, técnicos e objetivosteremos o natural afloramento de indivíduos que multiplicam conhecimento e valores para a categoria, não tendo como premissa somente o fato de aumentarem suas remunerações.

Sabemos da constatação da falácia do discurso da meritocracia, uma vez que ela é impossível de se realizar no capitalismo. No entanto, na contra-mão do bom-senso, os gestores com suas viseiras que só permitem enxergar cifrões acabam por promover uma lógica de rebaixamento técnico, num insano efeito de “demeritocracia”, ao atacar levianamente e açodadamente essa função. Tudo isso enquanto desvalorizam o desenvolvimento da formação (PDRH e PDRHE) dos petroleiros, e esvaziam a UP. Em vez de buscar elevar o padrão técnico e crítico da força de trabalho fomentando o aprimoramento, aplicação e transmissão do conhecimento, apontam para o caminho da mediocridade, supondo que teremos sucesso nos nivelando por baixo, deixando de ser pensadores e nos tornando reles repetidores de mantras corporativos. A prosseguir tal erro, coloca-se em risco um de nossos maiores patrimônios: a nossa incrível e inconteste capacidade inovadora.