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DNA revela golpismo

Data da publicação: 07/04/2016

No DNA da classe dominante brasileira está o golpismo. Esta história é velha. O discurso da corrupção é antigo. Uma hora é mar de lama outra é pedalada, incompetência,  vale tudo para mudar as regras do jogo quando a elite fica insatisfeita.

O marechal Floriano Peixoto deu o primeiro golpe na república. Depois, Getúlio Vargas, revolucionário de 1930, dá  um golpe em 1937, mas se reabilitou sendo eleito pelo voto direito em 1950, governando de 31 de janeiro de 1951 até 24 de agosto de 1954, quando se suicidou. Getúlio foi vítima de calúnias e uma campanha sórdida liderada pelo ex-comunista, traidor da pátria, Carlos Frederico Lacerda, já na época os golpistas contaram com o apoio do império do mal (EUA). Mas, o suicídio teve uma inesperada reação popular, milhões foram às ruas chorar a morte de Getúlio,  o que obrigou os golpistas adiarem a trama.

Para Juscelino  Kubitschek assumir como presidente foi necessário o  nacionalista marechal  Lott, o qual liderou o Movimento Legalista 11 de novembro, por tropas nas ruas para garantir a posse do vencedor das eleições.

Em 1961, após a renúncia de Jânio Quadros, os golpistas voltaram a ocupar o cenário nacional para impedir a posse legítima do vice-presidente João Goulart. Este golpe acabou não acontecendo pela participação corajosa de Leonel Brizola, à época governador do Rio Grande do Sul, quando criou o Movimento Cadeia da Legalidade. O povo decidido pegou em  armas,  exigindo a posse de Goulart. Dessa vez recuaram. Porém, impuseram o sistema parlamentarista.

Mas, em 1964, no dia 01 de abril, dez anos após a tentativa de derrubar Getúlio Vargas, os golpistas voltaram com toda força, apoiados mais uma vez pelo império do mal (EUA). O que havia de pior nas forças armadas,  entreguistas obstinados, aliados aos empresários, latifundiários, igreja católica, meios de comunicação apearam do poder o legítimo presidente João Goulart.

Foram 21 anos de ditadura militar, a qual massacrou a sociedade brasileira. O emburrecimento do povo foi semeado durante o festival de besteira, brutalidade e corrupção  implantado pela ditadura militar.

Logo após a ditadura militar, só foi permitido a escolha de presidente por intermédio do voto indireto. Tancredo Neves foi eleito presidente e  José Sarney vice. Tancredo morre antes de tomar posse. Como o vice era o Sarney, fiel representante das elites, nada foi questionado. O certo seriam novas eleições. Mas, Sarney agradava os poderosos. Então, um novo golpe foi dado.

De golpe em golpe, chegamos a um muito curioso. Collor inexperiente político, de um partido fraquíssimo, inventado nas últimas horas pelas elites, é eleito, pelo voto direto, presidente . Mas, logo depois esta mesma elite que o elegeu, Organizações Globo e seus aliados, se rebelou  e o destitui. Seu tesoureiro de campanha é assassinado. Até hoje não se sabe quem liquidou PC Farias. Nem se sabe a razão do crime.

Depois, veio um golpe refinado. Afinal, o presidente era um homem sofisticado, bem nascido, filho do general e deputado federal Leônidas Cardoso, sua mãe estudou em colégio de freiras, um autêntico representante das famílias ilustres da nação. Ingressou na Universidade de São Paulo (USP), formou-se em sociólogo. Trabalhou como cientista político, professor universitário e escritor. Hoje é membro da Academia Brasileira de Letras.

Este homem, bem alimentado e educado, ao eleger-se presidente do país, de 1995 a 1998, corrompeu deputados para aprovar uma emenda constitucional que permitiu a reeleição de cargos do poder executivo. Grampos telefônicos publicados pela imprensa revelaram conversas do deputado Ronivon Santiago acertando propinas, de 200 mil reais, para vários deputados votarem a favor da reeleição.  Aprovada a reeleição, após esse escandaloso ato de corrupção, o presidente em exercício, o FHC, se beneficiou obtendo um segundo mandato (de 1999 a 2003). É golpe? Sim, pois o interessado direto na aprovação da emenda era o presidente FHC. Ele golpeou a Constituição em seu beneficio, utilizando método criminoso.

Agora, com apenas 31 anos de democracia mambembe, de 1985 a 2016, renascem os golpistas exigindo impeachment da presidente Dilma. Golpistas comparecem as passeatas, levando babás e seus bebês, mostrando claramente a que classe pertencem. Qual a razão? Pedaladas, incompetência, inverdades pronunciadas em campanha, o partido dela é composto de criminosos? É um absurdo tão grande que mesmo muitos não petistas estão indignados.  Chega de golpe. Golpe nunca mais. Não vai ter golpe. Vai ter muita luta.