O novo plano de negócios e gestão da Petrobrás para 2015-2015, além de reduzir em 37% a projeção de investimentos do plano anterior, com uma consequente redução da meta de produção em 33,3%, amplia a meta de venda da ativos da companhia, com uma previsão de US$ 42,6 bilhões. O presidente da AEPET, Felipe Coutinho, foi enfático em criticar a decisão:
“Em relação ao desinvestimento, salvo casos excepcionais, como algumas unidades no exterior, não concordo com a alienação dos ativos e a desintegração produtiva. A capacidade de geração de caixa e de lidar com as flutuações de mercado é proporcional a integração produtiva da companhia. Não é razoável que por uma questão conjuntural a Petrobrás venda ativos, se desintegre e se fragilize perante os riscos inerentes ao setor. Existem alternativas de financiamento, no mercado interno e na China, por exemplo, o fluxo de caixa pode ser assegurado por política de preços adequada e alguns investimentos podem ser postergados para lidar com questões financeiras conjunturais”, concluiu Coutinho.
A Federação única dos Petroleiros (FUP), também lançou uma nota de repúdio à política de desinvestimento, afirmando que “após a fracassada estratégia do governo FHC de pulverização, fatiamento e abandono da Petrobrás, cuja finalidade era a sua privatização, o governo Lula formulou uma nova estratégia, reconstruindo a Petrobrás. A empresa expandiu exponencialmente sua taxa de investimentos, reassumiu o papel de integração da cadeia de energia, ampliou sua atuação em novos setores de energia sustentável, assumiu uma posição de grande player internacional por meio da realização de investimentos em vários mercados internacionais e se tornou, nos últimos anos, o maior símbolo global de sucesso tecnológico e de inovação com a descoberta do pré-sal. Na crise internacional de 2008, ao lado dos bancos públicos, realizou um papel central na política anti-cíclica elaborada pelo governo federal que impediu uma recessão ainda mais grave da economia brasileira naquele momento”.
A nota segue dizendo: “No entanto, apenas seis anos depois, ainda sob a tutela de um governo do PT, a nova gestão da Petrobrás retoma a fadada estratégia do governo tucano. O projeto de recuperação proposta pela nova gestão é nada mais, nada menos, que a retomada, talvez mais intensa, do projeto tucano de fatiamento, diminuição e pulverização da Petrobrás. A resposta para crise da Lava-Jato e do mal resultado observado em 2014 atende a uma antiga demanda dos mercados de capitais, representados pelos acionistas minoritários da empresa e pelos segmentos conservadores da sociedade brasileira. A opção é desinvestir brutalmente, abrir mão de setores não lucrativos e reduzir fortemente a atuação em segmentos que não estejam envolvidos com a área de exploração e produção.
É simbólico nesse processo o total desconhecimento da nova gestão que impõe impactos deletérios sobre o emprego e as economias locais. A expectativa é que, com essa nova estratégia, a Petrobrás retome a confiança dos mercados e recupere sua trajetória de lucro. Ao mesmo tempo, ignoram-se todos os impactos sociais em várias regiões do país e o papel fundamental que a empresa possui a fim de impulsionar vários outros segmentos da indústria”, conclui a nota da FUP.