OFÍCIO AEPET 019/10
Rio de Janeiro, 14 de junho de 2010
Ao Eng. Paulo Roberto Costa
M.D. Diretor de Abastecimento da
Petróleo Brasileiro S.A – Petrobrás
Av. Chile, 65
Nesta
Assunto: Empreendimentos da Petrobrás na Área de Refino
Referência: Carta DABAST – 40.024/2010 de 07/04/2010,
Carta AEPET – 008 de 03/03/2010
Prezado Diretor,
Agradecemos os comentários e considerações que nos foram enviados em resposta à nossa correspondência em referência. Com o intuito de colaborar na solução dos problemas, nos permitimos elaborar os comentários que se seguem:
1. A capacitação técnica das licenciadoras (UOP, AXENS, HALDOR TOPSOE, etc.) não foi a questão avaliada, mas sim, a prática de aquisição de projetos básicos sem um escopo bem definido, comprometendo o atendimento aos prazos estabelecidos para as licitações dos equipamentos. Visto que, devido à inadequação e conteúdo insuficiente da documentação fornecida, houve a necessidade de complementação com documentos adicionais emitidos pelo CENPES, ENGENHARIA e UN’s, em regime de urgência e com as licitações em curso.
2. A abertura de licitações antecipadas dos equipamentos críticos, que estarão sujeitos em operação a serviços severos e letais, sem a documentação adequada, ocasionou inúmeros pedidos de esclarecimento técnicos dos proponentes, resultando no atraso do processo licitatório, levando inclusive muitas licitações a serem canceladas e re-licitadas. Devido ao significativo atraso ocasionado por estas pendências, optou-se por, em detrimento da qualidade, privilegiar a aquisição destes equipamentos em fornecedores com ofertas de prazos reduzidos, mesmo sem qualquer tradição de fornecimentos de trabalhos similares para a PETROBRÁS. Atualmente, como resultado desta precipitação, existem alguns equipamentos, já prontos e entregues, apresentando inúmeras não conformidades que impedem a sua montagem; outros, em fase final de fabricação, e muitos em que o fornecedor sequer conseguiu dar andamento à fabricação, levando à transferência para outro fabricante, e que também apresentam inúmeras não conformidades, muitas delas irreversíveis.
3. É uma situação de difícil solução; a PETROBRÁS necessita urgentemente desses equipamentos, estando inclusive sujeita ao pagamento de elevadas multas para as empresas (EPC) Engenharia Projeto e Construção, devido ao atraso na entrega dos equipamentos; porem, não há garantias de que a qualidade mínima requerida esteja sendo atendida. Certamente, constranger os engenheiros do corpo técnico da PETROBRÁS, sejam pertencentes às áreas de projeto básico, projeto executivo, processo fabril ou inspeção, a validar as não conformidades, ou abrir mão dos itens contratuais, não é a solução para esta questão.
4. Também não está em questão a qualificação do corpo técnico de engenharia da PETROBRÁS, mas sim a maneira pela qual está sendo usado.A experiência profissional deve ser utilizada pela PETROBRÁS, principalmente em ações preventivas nas fases preliminares dos empreendimentos, nas quais é possível contemplar uma documentação técnica condizente com essa experiência e que assegure, de antemão, a qualidade, preços e prazos compatíveis. A experiência não deve ser utilizada para avaliar e validar fatos consumados que poderiam ter sido evitados, caso a ânsia de atender aos prazos contratuais inexeqüíveis não tivesse prevalecido em detrimento da qualidade técnica.
5. Quanto às Normas Técnicas da PETROBRÁS, desconhecemos qualquer estudo técnico/gerencial, interno ou externo, que conclua que as Normas Técnicas da PETROBRÁS tenham tido impacto negativo sobre o preço de equipamentos. Os preços mais elevados costumam estar associados aos requisitos das Informações Básicas dos Empreendimentos (IBEs), de SMS e prazos irreais para os empreendimentos, considerando as limitações de um mercado com poucos fornecedores qualificados.
6. Acreditamos que a análise criteriosa e imediata dos problemas ocorridos nos últimos empreendimentos será imprescindível para a PETROBRAS readequar seus prazos e processos licitatórios, sem a qual a situação de não conformidades dos equipamentos críticos se tornará insustentável e poderá inclusive comprometer seriamente a segurança das novas unidades que estão sendo construídas.
Atenciosamente,
Diretoria da Associação dos Engenheiros da Petrobrás – AEPET
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