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O FBI paga, então dita as regras por aqui

Data da publicação: 16/02/2018
Autor(es): Fernando Brito

Sem que isso provocasse uma reportagem na grande imprensa – e, menos ainda, indignação por ser fechado à imprensa – a Folha nem deu importância, mas publicou uma longa entrevista com um (ex?) agente – o FBI deitou regras a centenas de executivos de empresas daqui e estrangeiras e autoridades públicas, sob o patrocínio da ICC, “a maior organização empresarial mundial”, como ela se define.

Só o corajoso Bob Fernandes, em seu comentário no Jornal da Gazeta, informou e demonstrou o contexto de intromissão e de promiscuidade entre a agência norte-americana e a Polícia Federal – e certamente a neojustiça e o neoMP.

Normal? Técnico? O próprio Bob responde quando sugere que se imagine se a “nossa Policia Federal estrelando evento como esse em território norte-americano”.

Leia o comentário de bob ou assista, no final do post.

Nesta terça o FBI estrelou evento em São Paulo. Sobre corrupção, lavagem de dinheiro, fraudes, compliance… E a Lava Jato.

Presente Antônio Carlos Vasconcellos Nóbrega, Corregedor-Geral da CGU.

Presentes Chrstopher Delzotto, Supervisor Especial do FBI, e Leslie Bachchies, do FBI para América Latina.

Também George McEachern, ex-chefe de combate internacional à corrupção do FBI.

E Robert Appleton, Chefe de Execuções Governamentais e crimes do colarinho branco do CKR Law. Ex-promotor do Departamento de Estado dos EUA.

Evento do escritório norte-americano CKR e da Câmara Internacional do Comércio.

Empresários, investidores, advogados brasileiros. Proibida a entrada da imprensa. Só imaginem: nossa Policia Federal estrelando evento como esse em território norte-americano.

No governo FHC, Carlos Costa chefiou o primeiro escritório oficial do FBI no Brasil. Entrevistei-o, para 17 páginas. Chamou a tudo isso “influenciar”. Cooptar.

Dezenove agências de espionagem dos EUA atuando no Brasil, sediadas na Embaixada.

Jack Ferraro chefiava a CIA. Antes dele, Craig Peter Osth, Bock, Jimmy, e Bramson Brian.

DAT, a Divisão Anti-Terrorismo da PF, já se chamou CDO e SOIP. Instalação de espionagem eletrônica criada no governo Sarney. Doação da CIA.

Nos anos FHC, a CIA chegou a ter 15 bases regionais no Brasil. No SOIP/ CDO, a CIA atuava com a PF em “regime de informação compartilhada”.

Antes de Marcio Thomas Bastos, e Paulo Lacerda chefiando a PF, não havia dinheiro. Mostramos depósitos feitos pela DEA na conta de delegados.

No hoje DAT, agente brasileiro só trabalhava se submetido ao detector de mentiras. Testes feitos nos EUA. Revelamos os nomes.

Pós 11 de setembro, o Chefe do FBI no Brasil, Carlos Costa, recebeu e recusou uma ordem: grampear, espionar mesquitas e líderes muçulmanos no Brasil.

Que teve grampeados Palácio da Alvorada e Itamaraty. Biotecnologia, química fina, aço, biopirataria, telecomunicações, energia, entre os alvos.

Com Obama, escândalo e soubemos: a NSA tentou hackear a Petrobras e grampeou Dilma e Palácio.

Em 99, chefiando provisoriamente a embaixada, confrontado James Derham foi claríssimo: “Temos o dinheiro, então as regras são as nossas”.

Fonte: Tijolaço

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