Os times estão definidos, com todos seus atletas em forma. Mas, nas primeiras partidas do torneio, alguns times saem da competição apoiando outros, que permanecem no páreo. Com isso, o campeonato se resume a uma disputa de três agremiações. Logo depois, um dos times é eliminado e, então, se passa para o jogo decisivo do campeonato. Os dois finalistas prometem fazer um jogo muito apertado. A agremiação azul e amarela, com todo apoio da mídia, começa com muita esperança na vitória. Mas, à medida que o tempo passa, um artilheiro baixinho, franzino, nordestino, com a fala do povo e forte jogo de cintura desconcerta o adversário.
Neste país de impunidade dos poderosos, paraíso dos usurpadores e exploradores dos humildes, as televisões, rádios, jornais e revistas buscavam descaradamente, durante todo o campeonato, insuflar uma rebelião de forma a melar o jogo e entregar a taça de campeão à agremiação azul e amarela, cujos integrantes fazem parte do grupo que detém estes veículos de mídia, todos do alto da pirâmide. A verdade é que, como a população tem essa obsessão pela democracia e esta tem o perigo de um ator não seguir o script programado para ele, o plano para ganhar o campeonato pode dar todo errado. Eles sempre articularam bem, pois conseguiram ludibriar o povo inúmeras vezes e, com isso, retinham a taça do poder.
Porem, este esquálido e virtuoso jogador conseguiu humilhá-los, inclusive ao levar tradicionais aliados deles para o seu lado. De qualquer forma, sabe-se que esta não é uma perda irreparável, porque estes se lançam sempre para quem tem maior chance de ser campeão. O povo aceitou livremente idolatrar este jogador, o que significa que ele, povão, não responde mais aos mecanismos de ilusão do marketing político aplicados pelos poderosos. Estes partiram, então, para a última e definitiva cartada, pois a pior coisa para eles, logo depois da morte, é o distanciamento do poder.
Muito dinheiro foi pedido para uma liga estrangeira, que tem grande interesse aqui, e foram prontamente atendidos. É claro que vão ter que dar compensações futuras. Especialistas em povo aconselharam a atacar os vermelhos, seus desafetos, nas suas honestidades, pois isto sensibiliza o povo. Como em todo universo, a diversidade campeia, buscou-se desonestos entre eles, cuja incidência é até menor do que em outras agremiações. A espionagem eletrônica da liga estrangeira, que cobre o mundo inteiro, ajudou a identificá-los. Aí, entrou em ação, mais uma vez, a mídia manipuladora a atuar de forma que nem o jogador virtuoso conseguiu se contrapor. Mas o campeonato já tinha acabado e um novo só daqui a quatro anos. Contudo, este tempo sem usurpar o povo é muito para eles.
Tem um juiz que está ajudando muito, sem medir todas as consequências, a causa deles. A idéia óbvia é ligar a corrupção de alguns vermelhos a todos eles e ao campeonato recém-conquistado. Entretanto, os orixás não gostam deles ou eles estão querendo o impossível, pois não conseguiram fazer esta ligação. As sanguessugas do povo estão em desespero, pois querem retomar de qualquer jeito a taça conquistada e já entregue. Apelar para a força bruta irá agredir a população, que possui tristes memórias recentes. A solução é plantar pela mídia na mente dos aqzrhjeiros que o campeonato foi fraudado, sem serem necessárias provas verdadeiras.
Com a firme determinação de um “tudo ou nada”, os discípulos de Goebbels repetem mentiras à exaustão e chegam a torcer para que a economia do Aqzrhj deteriore, enfim que o circo pegue fogo. Insuflam ódio entre classes, buscam induzir que existem verdades superiores fora da Constituição e das leis, que precisam ser atendidas, mesmo que as agridam. Então, o “fora a presidente eleita” deve ser aceito, como uma decisão justa. Jogar com o dono da bola e do estádio dá nisso, você pode ganhar o jogo, mas ele vai querer levar o campeonato. O pior é que ficar consciente, no meio desta dominação, deprime. Desculpem-me.