Artigo

Porque a corrupção aumentou nas obras públicas

Data da publicação: 26/06/2015
Autor(es): André Araujo

Um dos fatores que propiciou notável aumento de corrupção nas obras públicas brasileiras foi o DESMONTE DOS DEPARTAMENTOS DE ENGENHARIA DAS ESTATAIS. Até o fim do governo militar, as estatais produziam o PROJETO BÁSICO, muitas vezes o PROJETO EXECUTIVO e fiscalizavam a obra pelos seu próprio corpo de engenheiros.

A concepção, idealização, traçado, escolha de materiais, técnicas, arquitetura, paisagismo, soluções ambientais das obras, a partir da formatação do projeto tinham boa estimativa de custo, havia engenheiros de acompanhamento e fiscalização das obras, os DER e o DNER tinham ótima engenharia, até com revistas próprias publicadas a cada dois meses. Eu era adolescente e tinhamos um vizinho que era engenheiro do DER de São Paulo, tinha grande orgulho disso, viajava o Estado todo, conhecia profundamente a geografia, a topografia, a geologia do Estado, adorava o trabalho.

Grandes empreiteiros, como Eduardo Celestino Rodrigues, da Cetenco, começaram a vida com engenheiros do Estado. A Companhia do Metrô de São Paulo tinha uma excelente engenharia, chegou a ter 400 profissionais. A CESP, que era resultante da fusão de trens companhias do Estado, uma para cada bacia fluvial, tinha os melhores engenheiros de barragens. A mesma coisa com Furnas, alguns viraram sumidades como Otavio Marcondes Ferraz, Mario Thibau, Mario Bhering, Lucas Nogueira Garcez, Guy Vilela (da Cemig).

E HOJE? Entrega-se uma folha de papel ao contratante do projeto e acabou, ele que faço tudo, é TUDO terceirizado, do projeto básico à fiscalização. A MARGEM para aditivos se alarga, ninguém mais sabe quanto custa a obra, o cliente, que é o Estado, PERDEU O CONTROLE DOS CUSTOS. Por isso, os Tribunais de Contas a cada etapa interrompem tudo porque há um contínuo descontrole de custos.

Essa é a porta larga da mega corrupção. Isso começou APÓS o fim do governo militar e só vem aumentando.

Publicado em 14/04/2015 em Jornal GGN.