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2015 vai ficar na história da Petrobrás

Data da publicação: 05/11/2015

O ano de 2015 ficará lembrado como um ano marcante para nossa Empresa, a cada novidade nas investigações envolvendo favorecimento em contratações com empreiteiras, como por exemplo, o repatriamento de parte do dinheiro desviado, novos cálculos de balanços trimestrais, recordes de produção diária e divulgação de um Plano de Negócios que desestimula o investimento (por conta de alta alavancagem), descoberta de megas jazidas (confirmando o alto potencial energético e estratégico do país).

Mas antes de discutirmos se o copo está meio cheio ou vazio, podemos analisar com atenção o movimento das gigantes do petróleo e dos grandes investidores do mercado financeiro , em relação aos passos que a Petrobras está seguindo, o que não é uma novidade para nós.

Desde que os primeiros brasileiros descobriram e discutiram a ideia de explorar petróleo em nosso país, no final da primeira metade do século passado, a cobiça estrangeira já influenciava na tentativa de desestimular a produção, por meios que não fossem os das empresas internacionais, que já alçavam voos em outros horizontes pelo mundo. A batalha a favor de uma solução caseira para exploração ganhou força na figura do Presidente Getúlio Vargas culminando na criação da Petrobras. Porém estávamos longe de ficar livres da ambição das petrolíferas internacionais.

A propaganda negativa ultrapassa a marca de meio século e o Monopólio Nacional foi quebrado sem trazer o legado, que foi tão difundido como solução para o avanço da indústria petrolífera no país. O que ficou como exemplo foi a falta de investimentos em infraestrutura no setor, uma quase nula participação nas descobertas de novos campos por parte das empresas estrangeiras, e o maior vazamento de óleo da história do Brasil ocorrido no Campo de Frade na Bacia de Campos, ocasionado pela gigante Chevron. O acidente, que caso cometido pela Petrobrás, seria amplamente divulgado e cobrado, exigindo-se as devidas punições pelos que teriam escandalizado a Empresa, o que, oportunamente, esngrossaria o coro da privatização. Mas para a Chevron: holofotes retirados e absolvição de qualquer responsabilidade, pela Justiça brasileira.

Hoje, diante dos escândalos que envolvem a Companhia, estamos novamente no foco, colocando-se em cheque a competência e o potencial da Empresa. Oportunamente estão tentando aproximar todo o resultado de décadas de trabalho para perto dos interesses do mercado internacional, abrindo mão das estratégias econômicas e de soberania nacional. O que seria da Arábia Saudita sem a Saudi Aramco, fiel da balança que impulsiona as decisões geopolíticas da região do Oriente Médio e reguladora dos preços do barril de óleo, num simples “abrir e fechar de torneiras”. Provavelmente, os árabes não perguntaram ao mercado o que achariam das decisões de interesses daquele país. Assim como a Statoil, presente no crescimento de um dos países mais desenvolvidos do mundo, a Noruega. A empresa não foi entregue para o mercado internacional e fez com que uma economia que dependia da produção e exportação de peixes até o início da década de 1970 a tornasse a nação com IDH mais alto do mundo.

Os dois exemplos de estatais não serão divulgados de forma massiva, nem detalhados pelos meios de comunicação, pois não existe o interesse em trazer qualquer tipo de conteúdo para acrescentar um debate sobre hegemonia nacional.

O ano chegando ao fim e com ele um momento decisivo para nós e o futuro da Companhia, onde a pergunta que ronda nossas mentes será: de que lado iremos ficar neste “cabo de guerra”? Em uma ponta da corda o mercado financeiro, as gigantes do petróleo e a máquina de moer nações. Na outra, o futuro de um País que está engatinhando numa democracia e na autoafirmação de identidade como Nação independente e autossustentável.

Nosso papel como petroleiro passa a pesar cada vez mais nesta decisão: se hoje queremos um país melhor devemos fazer a nossa parte, pois o momento e a história mostram que a ponta de lança para avançar ou afundar o nosso País é e sempre será a Petrobras. Isso faz com que cada brasileiro espere de nós uma direção; se não partir de nós uma defesa da Companhia e da sua importância no desenvolvimento e soberania do Brasil, o outro lado da corda penderá para longe de nosso povo e por mais forte que eles sejam, não são os 80.000 que somos, e muito menos os mais de duzentos milhões de brasileiros que precisam destas riquezas e deste poder energético.

O que transformou a Petrobras neste ano na maior empresa de capital aberto do mundo em produção diária de óleo foi o seu corpo técnico e sua força de trabalho. A maior descoberta de uma jazida de petróleo do mundo deste século foi graças aos pesquisadores e aposta dos consultores da Petrobrás: não podemos abrir mão do patrimônio intelectual destes brasileiros.

O que cabe a nós estamos fazendo, colecionamos recordes: de produção e exploração em águas cada vez mais profundas. Somos excelência no que fazemos.

Tudo que vem sendo escandalizado ultimamente é fruto de ações de poucos que, por benefícios próprios ou para alimentar uma cadeia viciosa, estão desvirtuando o caminho promissor de uma Gigante.

Esses poucos que por ocuparem cargos importantes na Companhia, sempre deram voz de comando para orientar e convencer muitos, como estão tentando nos convencer agora de que não é o momento de lutarmos.

Devemos lembrar que muitos deles que hoje estão com nomes estampados nas manchetes de jornais são os que estavam ontem no outro lado da mesa de negociação contra os trabalhadores.

Fato este que deve ser levado em consideração para cada um de nós, ocupando cargos de comando ou não.

Propagar e alinhar-se ao discurso desses poucos que sujaram a história da Petrobras é passar para o outro lado da corda é dar mais força aos que sempre foram fortes. Devemos fazer uma reflexão antes de falar com os colegas e subordinados. Temos massa crítica para impulsionar a maior Empresa do País, isso nos coloca na condição de pessoas com discernimento político para não seguir qualquer “toada” que venha da alta diretoria.

O que está sendo decidido é o resultado do nosso trabalho.

O que está sendo decidido é o futuro de nosso filhos e netos.

O que está sendo decidido é a nossa Petrobrás.

O que está sendo decidido é o nosso Brasil.