Entre as mais evidentes características da pedagogia colonial está o tratamento, a associação de substantivo a determinado adjetivo, repetido com tanta frequência e insistência, por todas as formas de comunicação, que os antagonistas deste poder escravizador, desta ideologia colonial ficam marcados de forma agressiva, humilhante ou repulsiva.
Os Presidentes da República Bolivariana da Venezuela, desde Hugo Chávez, em 1999, são eleitos pelo voto, através de sufrágio universal e direto. A duração dos mandatos é de 6 anos e o presidente pode ser reeleito, depois de referendada pela povo a emenda constitucional de 15 de Fevereiro de 2009. No entanto quer Chávez quer Nicolás Maduro sempre são mencionados como ditadores.
O Reino da Arábia Saudita, onde não há legislativo eleito, é proibida a formação de partidos políticos, a monarquia é hereditária, os direitos políticos, civis e religiosos da população são limitados, não tem seus dirigentes agredidos com a referência de Ditador Salman al-Saud, ou seu herdeiro de “o futuro ditador Mohammed bin Salman”. Ele é sempre o Monarca ou o Dirigente.
Pouparei meu caro leitor dos inúmeros exemplos, para tratar do que é fundamental. Por que isso ocorre? O que está por trás desta e de outras palavras e expressões nesta pedagogia colonial? Da formação, diria melhor da deformação cognitiva.
Um único exemplo, antes de dissecar um atual representante do colonizador.
O Vice Almirante Sergio Tasso de Aquino, que só conheço pelos artigos e me parece um patriota, como a imensa maioria de seus colegas militares, neste 7 de setembro, numa exortação, discorreu sobre os governos pós 1990 como “esquerdistas” e “corruptos”.
Lembrei-me da edição facsimiliar do número 1, ano 1, de “A Defeza Nacional”, que recebi recentemente. No Editorial, da lavra de Bertholdo Klinger, Estevão Leitão de Carvalho e Joaquim de Souza Reis, se lê: “não seria absurdo admitir a hipótese de que o Brasil viesse um dia a encontrar um sério obstáculo às suas naturais aspirações de um desenvolvimento integral” e “o Brasil não poderá verdadeiramente contar senão com as suas próprias forças” (10/10/1913).
E, escrevem aqueles militares, “é preciso não esquecer” a época e o espírito com que se ditaram as ideias e se deram os feitos. “Muito do que nos parece deslocado e anacrônico, foi racional e aceitável a seu tempo, assim como hoje o que nos parece excelente, será criticável amanhã”.
A maioria dos atuais chefes militares, os que se encontram na reserva e dos civis, seus coetâneos, viveram o período denominado “guerra fria”, embora com inúmeras manifestações bélicas ao redor do mundo. Mas a característica daquela época foi a guerra ideológica, com todas as fraudes, mentiras, falsidades que caracterizam as guerras e, ainda mais, naquelas em que o vencedor não ocupa o território do vencido.
A guerra do século XX teve um vencedor, a princípio explícito – na ideologia neoliberal e no fim da história – e logo submergindo para ampliar seu poder além das finanças e da economia.
Neste período submerso atuou com as crises financeiras (2008 foi a décima), para aumentar seu poder econômico, e com organismos, uns mais outros menos públicos, e alguns absolutamente secretos, para que este poder financeiro invadisse todas as áreas da ação humana: política, ciência, tecnologia, ações sociais em geral e, em particular, a pedagogia colonial e a comunicação de massa.
Para estas últimas recuperou os conhecimentos das práticas do Império Britânico (século XIX) e do mundo do consumismo estadunidense (século XX).
Este vencedor refere-se como Nova Ordem Mundial (NWO, da sigla em inglês), mas eu prefiro denominá-lo, abreviadamente, “banca”.
O recente e de certo modo desconcertante discurso do Presidente da França, Emmanuel Macron, nos dá a pista do que serão os próximos passos da banca. Esta fala foi proferida no evento “Semana dos Embaixadores”, em 29/08/2017, e pode ser lida na íntegra e no idioma francês – clique aqui para ver. Nas citações, em traduções livres, procurei, tanto quanto possível, reproduzir literalmente o discurso.