“Mundo, mundo vasto mundo,
Se eu me chamasse Raimundo
Seria uma rima, não seria uma solução”.
A greve dos empregados da Petrobrás e subsidiárias, à qual já se associam trabalhadores do SERPRO e da DATAPREV, mobilizando servidores da CASA DA MOEDA e que tem, desde sábado, 15 de fevereiro último, o apoio e participação da Associação Nacional dos Transportadores Autônomos do Brasil (ANTB), os caminhoneiros, não reivindica salários nem condições de trabalho.
Esta greve da Petrobrás, ocultada pelas redes de televisão e combatida pelo jornal O Globo (o que não constitui qualquer surpresa) é uma greve contra o desmonte do Estado Nacional Brasileiro.
E é por isso que irá, na medida em que for sendo entendida por toda imensa maioria de desempregados, subempregados, vítimas do neoliberalismo, que dirige o Brasil desde o fim do Governo Geisel, ganhar cada vez mais seguidores, adeptos, apoiadores até se transformar não em um movimento político partidário mas na luta pela soberania do Brasil. Luta pela nossa autodeterminação em fixar os preços dos combustíveis e definir os investimentos que nos interessam, ao Brasil, e não às finanças internacionais, que hoje ocupam o Ministério da Economia e a Administração da Petrobrás (Presidência, Diretoria e Conselho de Administração).
E a frase de Drummond de Andrade nos diz isto: se fosse uma greve salarial, como desejada pelo editorial de O Globo, teria a solução de alguns trocados, mas por ser a da mudança de uma ideologia que extermina nossa Pátria, exige algo bem mais profundo: a mudança do modelo econômico e social perverso, o fim da ideologia globalizante do neoliberalismo.
A greve é portanto um movimento pela Nação, pela Pátria Brasileira. Contra ela estão as mesmas forças que sempre buscaram a humilhação de colônia para o Brasil. E nem sempre é a mesma classe ou são os mesmos estamentos, mas todos submetidos às corrupções, que não se resumem apenas ao dinheiro, porém, o que é mais grave ainda, à corrupção da consciência. São aqueles que ficaram, na feliz expressão do Tenente-Brigadeiro do Ar Alvani Adão da Silva, com uma espécie de “catarata mental”, uma lesão cognitiva vinda da guerra fria, ou aqueles que colocaram antolhos ou lentes nos olhos ao se transformaram nos discípulos do trilionário húngaro George Soros.
Vamos tomar um caso que consideramos exemplar. Surge com a mesma desfaçatez do tripé macroeconômico, sandice que só a propaganda enganosa da mídia consegue manter em pé, é o Preço de Paridade da Importação (PPI), que virou mote para campanha dos caminhoneiros: Fim do PPI, já.
Vamos traduzir PPI.
PPI é uma jabuticaba podre. Foi Pedro Pullen Parente, alma tucana, ex-presidente da Petrobrás, quem inventou em 2016 esta fórmula para destruição da Petrobrás. Talvez até pensando nas suas iniciais PPP, Péssimo Preço para Petrobrás.
Estabelece que a Petrobrás só possa vender seus derivados pelo preço internacional, estabelecido por um cartel de refinarias estadunidenses no Golfo do México, acrescido dos custos de transporte e da internação no Brasil (impostos, taxas portuárias, seguros etc.), mais um seguro para cobrir eventuais custos das diferenças cambiais e um lucro pré-estabelecido.
Entre a compra do derivado no exterior e sua chegada ao Brasil decorre cerca de um mês e as taxas cambiais podem ser alteradas, ou até, propositadamente infladas, pois estamos tratando, efetivamente, com o sistema financeiro internacional, a banca.
E isto quando, a Petrobrás, ou seja nosso País, produz todo petróleo necessário ao abastecimento nacional (60% vindo do pré-sal, que a mídia dizia não existir, depois que a Petrobrás não tinha tecnologia para produzir e, não reconhecendo as farsas, que não haveria dinheiro para nele investir) e o Brasil que, desde 1985, é autossuficiente na produção dos derivados do petróleo, pelos investimentos realizados, principalmente, pelos Governos Médici e Geisel. Preço de Paridade de Importação (PPI) é consequentemente um roubo, um exemplo da corrupção, verdadeiro ato de sabotagem ao Brasil.
Como terminará esta greve? Hoje, dia 17 de fevereiro, é impossível saber. Os coletes amarelos franceses mantém há quase dez meses passeatas e graves na França, já impediram decisões lesivas ao povo e à economia franceses. O Chile está há meses em estado de guerra civil. Muitos outros países, vítimas do neoliberalismo e de seus dirigentes corruptos, estão se revoltando, apesar da enorme campanha, dos rios de dinheiro que a mídia internacional e nacional gastam para defender o indefensável: que a vida de desempregado, de subempregado é bela.
Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado