Artigo

A realidade desafia a estratégia atual da Petrobrás

Data da publicação: 25/07/2017

Cláudio Oliveira e Felipe Coutinho analisam a mensagem enviada aos empregados da Petrobrás pelo Diretor de Estratégia, Organização e Sistema de Gestão, Nelson Silva, sobre a estratégia da empresa.

Para a maioria dos brasileiros – empregados da Petrobrás em particular –, que não tem acesso às informações especializadas, é uma oportunidade para se esclarecer, formar sua própria opinião e repassá-la para amigos e parentes.

Poderão verificar que as razões e pressupostos da mensagem do diretor comportam outras informações não contempladas. Como foi a injeção de recursos pelos EUA para proteger sua economia, particularmente o sistema financeiro, a desvalorização do dólar e queda dos juros que tiveram um significativo efeito sobre o preço do petróleo e seus reflexos na economia mundial.

A questão da dívida da Petrobrás, a venda de ativos e o Plano Estratégico e de Negócios focados numa empresa produtora de petróleo é discutida e confrontada com a estratégia das grandes companhias internacionais.

Ao comentar sobre a comparação do que a Petrobrás paga de juros pela sua dívida e as demais multinacionais do setor, comentam: “É óbvio que a Petrobrás tem de pagar mais juros do que as petroleiras citadas, uma vez que a dívida da companhia é maior que das outras. Mas a dívida é maior porque a Petrobrás tem uma nova fronteira geológica para desenvolver, tem o pré-sal para investir e as outras não têm bons projetos há muito tempo.

As petroleiras citadas, tem visto suas reservas, produção, receita de vendas e geração operacional de caixa se degradarem nos últimos anos …”

Na sua análise, o diretor citou 4 das 5 grandes empresas, as “majors”. Esqueceu “apenas” da Shell.

Mas esqueceu logo da Shell? Nelson Silva foi diretor presidente da Comgás, uma das maiores distribuidoras de gás do país, privatizada em 1999, no governo FHC, quando foi adquirida por um consórcio formado pela BG e a Shell.

Nelson Silva foi presidente da BG do Brasil, onde permaneceu até o início de 2016, quando concluiu o processo de venda da empresa para a Shell. Em junho de 2016 entrou para a Petrobrás.

Com um nível de endividamento similar à da Petrobrás, a Shell, exatamente por estar investindo e comprando ativos no nosso país e empresas, como a BG, para ter acesso às reservas do pré-sal. Vejam o quadro abaixo:

Companhia

Dívida bruta

Caixa

Dívida líquida

Geração operacional

Alavancagem

Shell

92,48

19,0

73,48

20,62

3,6

Petrobrás

118,17

21,0

97,17

26,10

3,7

Tabela 4: Dívida bruta, caixa, dívida líquida, geração operacional (bi US$) e alavancagem para Shell e Petrobrás (2016)

Com o artigo, os autores chamam a sociedade brasileira para enfrentar o novo desafio:

“O desafio dos patriotas é mudar a estratégia da Petrobrás, defender seus ativos da privatização, evitar que o Brasil entre em novo ciclo do tipo colonial e primário exportador. O desafio é preservar e desenvolver a integridade da Petrobrás, gerando valor da produção de petróleo à petroquímica e à química fina. O desafio é utilizar plenamente nossas refinarias e desenvolver a comercialização do gás natural, do GLP e dos combustíveis líquidos para desenvolver o mercado brasileiro que é grande e tem enorme potencial de crescimento…

O desafio é conquistar e exercer a soberania nacional e assim usar os recursos naturais brasileiros em favor da maioria, pela primeira vez em nossa História.”

Leia, releia, discuta e repasse. Faça a sua parte. Leia a íntegra do artigo (anexo).


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