Em artigo divulgado ontem (19/12) a BBC News Brasil, por falta de conhecimento ou por má fé, comete erro grave ao tentar explicar a atual política de preços da Petrobras. Segue o artigo:
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-49761520
O artigo inicia com uma correta analise de comparação dos preços dos combustíveis no Brasil em relação a outros países. Faz uma observação muito pertinente a que poucos estão atentos que reproduzo a seguir:
“Vale lembrar, contudo, que o ranking é baseado nos valores dos combustíveis em dólar – e não leva em conta o poder de compra dos países listados.
Assim, ainda que o Brasil ocupe posições intermediárias, o peso real do combustível no bolso do consumidor brasileiro é muito maior do que em muitos países desenvolvidos – onde a gasolina e o diesel são mais caros, mas o salário mínimo também tende a ser maior”.
O artigo se perde quando tenta responder à pergunta “Mas seria possível reduzir o preço dos combustíveis ? “, com uma afirmação surpreendente e totalmente falsa:
“Entre 2014 e 2017 , a Petrobras acumulou mais de R$ 70 bilhões em prejuízos , resultados que são atribuídos, não só aos desvios por corrupção revelados pela Operação Lava Jato, mas também `a política de preços controlados”
“Impairments” causaram perdas, não a corrupção ou controle de preços
Ora, os prejuízos acumulados no período 2014/2017 não foram causados por corrupção e muito menos por preços controlados. Os prejuízos foram causados pelos “impairments”, que são ajustes contábeis sem efeito no caixa da a empresa.
O chamado “controle de preços” ocorreu do final de 2009 até meados de 2014. A partir daí não houve mais “controle”.
Quem entrar no site da Petrobras vai encontrar balanços publicados desde 2006. Quem quiser conhecer mais vai verificar que a companhia registrou lucros constantes de 2006 a 2013. Quem quiser analisar melhor ainda vai verificar que no período do chamado “preço controlado” (2009/2013) a empresa apresentou os maiores lucros e as maiores gerações de caixa de sua história. Nunca teve problemas financeiros, registrando uma Liquidez Corrente sempre acima de 1,5.
Infelizmente, um artigo que começou muito bem, perde o controle ao utilizar informações falsas, e consequentemente chegando a conclusões erradas.
Cláudio da Costa Oliveira
Economista da Petrobras aposentado