Infelizmente a minha está sendo destratada por alguns de forma absolutamente injusta, mas talvez não de forma despropositada.
O CD da Petros tomou a decisão de abrir novo Processo Administrativo Disciplinar (PAD), me afastando de minhas funções de conselheiro pelo menos até o seu resultado.
A situação fica mais indignante quando se sabe que a Petros realizou um PAD anterior que já analisou e se posicionou de forma unânime favoravelmente à minha situação. E que a Previc, que é quem deveria se manifestar, tampouco conseguiu avaliar diferente disso ou tomar uma medida de me desabilitar, remetendo de volta à Petros essa esdrúxula decisão.
Se quem me quer fora do CD da Petros tivesse tido o cuidado de ler as acusações que me são feitas (o acesso é público, mas significa se dar ao trabalho antes) veria que nem a Petros, nem Previc e nem o MPF esboçaram qualquer argumento ou prova, evidência ou o que seja, sobre minha atuação. Praticamente citam somente o fato de eu participar das reuniões e aprovar os investimentos para me acusar e tentar assim criminalizar minha atuação.
Apenas a minha participação na reunião do CD da Petros e o voto a favor desses dois investimentos (Itausa e Fip Sondas) não poderia ser o suficiente para que o MPF me denunciasse. Mas assim eles agiram. E terei que responder na justiça por um crime que sou acusado sem provas, como infelizmente estamos vendo de forma sistemática em nosso país nos últimos anos.
Em relação ao meu afastamento das minhas funções de conselheiro, a legislação, em especial as leis complementares 108 e 109, não se referem a reputação ilibada. Somente um normativo da Previc que foi publicado ano passado, e que deveria se subordinar à Constituição e suas leis complementares, ultrapassou suas funções para deixar de regular e passar a legislar.
O Estatuto da Petros tampouco fala. Mas ainda que falasse, ser réu não significa ser culpado. Existe uma coisa chamada presunção da inocência que também está sendo ignorada em nosso país.
Por último, dos processos de fiscalização na Previc, somente o Presidente da Petros foi autuado em Itausa. Em Fip Sondas sequer o relatório de fiscalização foi analisado pelo colegiado da Previc.
Fico imensamente triste, não e nunca pelo que é (e está sendo), mas pelo que poderia ser (e não é) devido a injustiça provocada pelos interesses maiores existentes.
São nossas escolhas que nos tornam o que somos. Minhas escolhas sempre me deixaram em risco, e estou vivenciando os riscos que assumi, mas não me arrependo de nenhuma de minhas escolhas, pois todas, sem exceção, se pautaram na ética e na honra, fortalecidas com meus estudos e minha capacidade de análise e de luta.
Nunca estive nem estarei do lado dos que toleram ou praticam injustiças. Por isso, me orgulho de ser o Conselheiro Eleito pelos participantes e assistidos que mais realizou denúncias de ativos com irregularidades. Foram mais de 70 ativos sendo todas as denúncias, sem exceção, feitas com comprovação. Jamais fiz ou farei denúncias sem provas, como as que estou enfrentando. Isso se chama princípios e não tenho outros a oferecer.
Tive a honra também de presidir o Conselho Fiscal da Petros e nos quatro anos de meu mandato recomendamos por unanimidade a rejeição das contas da Fundação.
Nenhuma outra Fundação teve o desconforto de ter por 16 anos suas contas rejeitadas pelo seu Conselho Fiscal.
Da mesma forma, nenhuma outra patrocinadora teve o desconforto de ter seus conselheiros fiscais indicados rejeitando as contas por quatro anos consecutivos. Infelizmente, sem qualquer atitude efetiva dos órgãos de fiscalização.
Por último, o argumento pueril de que se o conselheiro processado não sair do Conselho abriria uma oportunidade para os políticos “ficha suja” na Petros é algo que beira a ingenuidade, se não fosse somente malicioso.
Talvez alguém queira citar um “ficha suja” sequer que estivesse na Petros cometendo irregularidades. Mas não houve e não há. Nunca.
E minha presença lá, em hipótese alguma, ajudou ou permitiu ou colaborou ou contribui para que os “ficha limpa” pudessem ou possam cometer irregularidades.
Ao contrário, minha atuação como conselheiro permitiu enfrentar o inviável PED 2015, reduzindo o impacto mensal sobre todos nós e obrigando a Petrobras a cobrir R$ 4,3 bilhões de suas obrigações com o grupo dos pré 70.
Eu estou triste pelas injustiças que estou sofrendo. Mas há coisas que doem mais. Estou descobrindo dolorosamente. Ainda assim, minha consciência continua inteira. Mas triste.
Não devo mais me manifestar pessoalmente sobre esses assuntos. Mas continuo na luta. Não duvidem.
Forte abraço,
Ronaldo Tedesco