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Castello Branco: chega de conversa fiada

Data da publicação: 12/12/2019

Em entrevista a jornalistas ontem (11/12), durante café da manhã na sede da empresa, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, extrapolou no direito de enganar a população brasileira.

Segundo ele, “o preço dos combustíveis tem de ser tratado como qualquer outro produto (arroz, feijão, carne etc) e não se deve definir periodicidade para os reajuste”.

Disse ainda: “Tem periodicidade para o preço da carne? O preço da carne deu um salto com o choque da oferta. E aí? Vamos fazer periodicidade e controlar o preço da carne? Não vai porque o controle de preços pertence ao museu de armas falidas contra a inflação há muito tempo” .

Lembrou: “Não se justifica nenhum controle de preços de combustíveis, periodicidade. Deixa o mercado livre.”

Ora, o mercado de combustíveis no Brasil é livre desde a extinção do monopólio ocorrida no governo FHC.

Ocorre que a atual política de preços adotada pela Petrobras distorce a liberdade de mercado beneficiando refinarias no exterior (principalmente nos EUA) e prejudicando a própria Petrobras que perde mercado para o produto importado ficando com suas refinarias na ociosidade. Prejudicando o consumidor brasileiro que paga preços extorsivos e prejudicando a economia brasileira que fica menos competitiva.

Será que presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, não sabe qual é a política de preços adotada pela Companhia? Não sabe como a empresa determina o preço de venda dos derivados em suas refinarias?

A atual política de preços esta descrita no site da empresa:

preço

Fonte
: site Petrobras

Portanto, a Companhia adota o que eles chamam de Preço de Paridade de Importação – PPI, calculado da seguinte forma:

PPI = preço internacional + frete ate o Brasil + custo de internação no mercado brasileiro (porto, algandega) + seguro para variação cambial e de preços dos combustíveis.

Verifica-se portanto que o preço adotado pela Petrobras é igual ao custo de importação dos combutiveis ou seja:

PPI = custo de importação

Nós consumidores brasileiros então perguntamos: de que serve a Petrobras? Podemos então fechá-la e passar a importar tudo, como ocorria antes de sua criação nos anos 50. Aliás este é o “sonho” confesso de Castello Branco.

De que adianta a empresa ser líder mundial na produção em aguas profundas e ultra profundas?

De que adianta sermos autossuficientes em produção de petróleo e refino?

De que adianta a descoberta do pré-sal?

Os preços do feijão do arroz e da carne podem ser estabelecidos com base nas cotações internacionais, mas nunca com base no “custo de importação”.

Se o produtores brasileiros (arroz, feijão, carne etc) adotassem a mesma política da Petrobras, o mercado brasileiro seria invadido por fornecedores estrangeiros.

Será que o presidente da Petrobras não sabe disto?

Vamos dar o exemplo do diesel. O custo de produção da Petrobras gira em torno de R$ 1,00 por litro. Adotando o Preço de Paridade de Importação – PPI a Petrobras cobra em suas refinarias em torno de R$ 2,10 por litro. Isto faz com que o preço para a consumidor (na bomba) fique em media (ANP) em R$ 3,80.

Se a Petrobras adotasse apenas o preço internacional, ao invés de cobrar R$ 2,10 (PPI) por litro de diesel em suas refinarias cobraria R$ 1,70 o que faria com que o preço para o consumidor (na bomba) caisse para cerca de R$ 3,00.

A Petrobras seria mais do que recompensada pois retomaria o mercado perdido para as refinarias estrangeiras, eliminando a ociosidade em suas próprias refinarias. Por outro lado o consumo interno aumentaria com a redução do preço, dinamizando a economia brasileira.

A atual capacidade de refino é suficiente para atender o mercado principalmente depois que foi aumentada a adição de etanol na gasolina e de bio combustível no diesel.

Ainda que mesmo assim houvesse a necessidade de alguma pequena importação de derivados, seria vantajoso para a Petrobras, como demonstramos no artigo a seguir:

https://aepet.org.br/w3/index.php/conteudo-geral/item/3948-gerente-de-precos-da-petrobras-nao-convence-deputados-sobre-politica-para-combustiveis 

Portanto temos de exigir a imediata interrupção desta política de preços nefasta e criminosa solicitando na justiça a punição dos responsáveis.

Cláudio da Costa Oliveira
Economista da Petrobras aposentado

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aepet.org.br