Ontem aguardávamos a esfuziante manifestação do governo do capitão, cercado de seus generais, comemorando 55 anos da Revolução de 31 de Março.
Qual o quê!
O medo tomava as ruas e os quartéis. A população revoltada ameaçava prédios públicos, lojas e escolas, a violência alastrava-se por todas as cidades.
O governo completara seus 100 dias e a vida de todos piorara. E muito.
Inflação e desemprego em alta, segurança em baixa; repressão e censura em alta, assistência do SUS em baixa, dificuldade na obtenção da aposentadoria em alta, expectativas de solução em baixa.
O povo fora iludido e as Forças Armadas, que o capitão fazia questão de colocar em sua campanha, sofria a desilusão, o desapontamento de todos: eleitores e opositores.
Afinal, sob a fantasia de uma campanha com temas que não poderiam constar de qualquer proposta séria – acabar com a corrupção, garantir a segurança pública no País (onde o tráfico de drogas participa de governos estaduais e até de parte do governo federal), garantir valores da família (mas da inexistente família, aqui e em todo mundo desde os anos 1960) e difundir como legítimo o ódio e a violência racial e contra os pobres – o que se podia esperar? Muita decepção, muita descrença, total desilusão. E raiva.
E, como a cereja no bolo, a crise financeira começava pela depreciação das matérias primas, das commodities que faziam o caixa do Brasil. O País se via pobre, destruindo suas reservas para manter a corrupção ativa.
As barreiras comerciais, por questão econômica e financeira ou pelas ações da política externa, tiravam bilhões do Brasil.
A China, grande investidora e compradora de produtos agrícolas, sentindo-se agredida pelas declarações e ações da política externa brasileira, decidira cortar os investimentos e reduziu as compras no País. Resultado: aumento do déficit nas contas correntes com exterior.
Os ataques feitos pelo filho do Presidente às universidades públicas estavam resultando em corte de verbas para escolas secundárias e faculdades em todo País. Cursos e disciplinas, quando não as próprias instituições deixavam de existir.
O povo não entendia isto tudo, mais sentia, integralmente, na bolsa e na vida.
Bastaram três meses para a destruição do mito.
A Cúpula da Igreja Católica que imaginara poder se contrapor à influência do Bispo Edir Macedo levara logo o passa fora quando um membro da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) foi nomeado para o Ministério da Educação e iria orientar o ensino no Brasil. E, para mostrar à Rede Globo que seu tempo já passara, outro iurdista foi designado para administração das redes de comunicação no Ministério de um General.
E agora?
Um Congresso cúmplice e covarde, ao lado de um Judiciário covarde e cúmplice.
Seria o início da revolução no Brasil? O povo brasileiro seria tomado pelos exemplos de Tiradentes, de Frei Caneca, dos Cabanos, dos Malês?
Saberão os brasileiros sair desta autofagia que acometeu a todos?
O mundo tirou o Brasil de suas pautas, exceto os colonizadores e o sistema financeiro, que o dirigem hoje, para seus únicos e exclusivos benefícios.
Adeus Pátria Amada!
Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado