Artigo

Cuidado com as notícias da mídia hegemônica

Data da publicação: 21/02/2020

Nosso artigo sobre a greve, no dia 18/02, diz: “Na administração Bendine foram feitas desvalorizações de ativos (“impairments”), inexplicáveis sendo R$ 44 bilhões, em 2014; R$ 48 bilhões, em 2015; e R$ 16 bilhões, em 2016, num total de R$ 108 bilhões. Em 2015 o lucro bruto foi de R$ 98 bilhões, o liquido  R$14 bilhões, mas, artificialmente, a desvalorização de ativos gerou um rombo virtual de R$ 34 bilhões. Isto levou a grande mídia a dizer que a Petrobrás tinha um enorme rombo, portanto era inviável, e precisava ser privatizada. Bendine dava início ao processo de privatização da Petrobrás: “Bendine garante ritmo forte de venda de ativos da Petrobras em 2016” (O Globo, 15/12/2015).

A mídia hegemônica, que o saudoso Paulo Henrique Amorim chamava de PIG – Partido da Imprensa Golpista, não perde a oportunidade de atacar a Empresa e pregar sua desnacionalização. O jornal Nacional estampa como pano de fundo um oleoduto enferrujado jorrando dinheiro quando fala na Lava-jato. É uma grave agressão à imagem da Companhia. Mas quando se trata de elogiar, o silencio é ensurdecedor: a Petrobrás acaba de ganhar, pela quarta vez, o Oscar da indústria do petróleo, pela tecnologia inovadora em águas profundas, empregada no desenvolvimento do campo de Buzios. A grande mídia não se dignou a publicar uma única linha a respeito.

O balanço da Petrobrás de 2014 mostrou que houve uma corrupção na da ordem de R$ 6,2 bilhões. Somando as corrupções de Temer, Collor e outros, que estão soltos, esse valor é pequeno. Claro que qualquer valor de corrupção é inaceitável, mas agredir e desmontar a imagem de uma empresa que fatura R$ 300 bilhões por ano, sob a alegação de que a corrupção a tornou inviável e impera na Companhia é um tendencioso absurdo.

Para exemplificar e mostrar como a opinião pública é manipulada, vejamos o que diz o editorial de O Globo do dia 21/2/2020:

Até a década de 70, não era possível associação com empresas privadas para explorar a Bacia de Campos, uma área promissora… Não havia dinheiro para explorá-la”.

“Por ironia da história, o general Ernesto Geisel, ex-presidente da Petrobrás, nacionalista, viu-se obrigado, na presidência da República, a aprovar os “contratos de Risco” com grupos privados. A estatal não conseguiria sozinha avançar naquela região, entendera Geisel. Era o certo, e a Bacia de Campos começou a reduzir grande dependência que o país tinha do petróleo importado”.

Equívoco 1: Os contratos de risco disponibilizaram para empresas privadas, 85% das áreas com possibilidade de existência de petróleo em todo o país. Mas não incluíram a Bacia de Campos, pois esta área já estava descoberta e em desenvolvimento e os contratos de risco eram somente para exploração de novas áreas. Eles incluíram a Bacia de Santos, por exemplo, onde se encontra o pré-sal. Geisel não entregaria uma área já descoberta.

Equívoco 2: durante os 13 anos da vigência dos contratos de risco, a Petrobrás investiu US$ 26 bilhões e achou vários campos na Bacia de Campos; As empresas privadas que integraram os contratantes de risco, investiram apenas US$ 1,2 bilhão, sendo que destes, US$ 900 milhões foram investidos por Paulo Maluf através da aventura com a Paulipetro. Resultado dos contratos de risco: apenas um pequeno campo de Gás, Merluza, situado na bacia de Santos, e não na de Campos, foi encontrado pela Shell.

Em outro trecho, diz o editorial: Assim como foi estratégico (sic) abrir a exploração de petróleo a empresas de fora, é essencial rever o posicionamento estratégico da Petrobrás…A greve indica que pode haver resistências à venda de refinarias...”

Equívoco 3: Não é estratégico vender refinarias. O país precisa é de construir novas refinarias, pois nossa capacidade de refino está cada vez mais defasada em relação à produção. Em 2026, será menos da metade. O que se precisa é incentivar a construção de novas refinarias, mas as empresas não querem. O que elas querem é comprar as da Petrobrás a preços de banana. Isto não ajudaria em nada ao país, ao contrário, só explicita os equívocos sucessivos das direções da Petrobrás.

Finalmente o editorial fecha com “chave de ouro”

A greve foi suspensa ontem para novas negociações. Porém deve-se entender que o que está em jogo não são 396 empregos, mas a necessidade de a estatal garantir a sobrevivência a longo prazo, o que passa pelo exploração do pré-sal antes que o consumo de combustíveis fósseis comece a cair. Não faz sentido manter negócios inviáveis . O tempo corre. Ou um custo crescente será cobrado da sociedade”.

Equívoco 4: O que está em jogo não são só os 396 empregos, mas o desmonte da Petrobrás através de vendas de ativos estratégicos e Geradores Operacionais de Caixa, a preço de banana, com prejuízo superior a R$ 200 bilhões, como a Distribuidora, a Liquigás, a Gaspetro, as malhas de dutos TAG e da NTS, campos de Carcará, Lapa, Iara; o fechamento de unidades regionais de produção gerando desemprego próprio e de terceiros. A venda de refinarias é outra possibilidade concreta de geração de desemprego.

Equívoco 5: O petróleo não tem substituto em curto prazo. A matriz energética mundial mostra que os combustíveis fósseis respondem, hoje por 81% do fornecimento de energia: carvão, 29%, petróleo 31%, gás natural 21% (subproduto do petróleo). Segundo o Instituto Francês do Petróleo, o petróleo que é o energético mais eficiente, não tem substituto em curto prazo. Além do uso como energia, o petróleo é responsável, como matéria prima da indústria petroquímica, por mais de 3000 produtos que usamos no dia a dia e que chegam a 85% do que usamos diariamente.

Concluímos que precisamos ler a grande mídia com um senso crítico apurado, pois as mensagens subliminares jorram aos borbotões enganando os incautos. O déficit da previdência é outra prova de enganação: O Governo gasta 45% do orçamento para pagar os juros da dívida (já paga varias vezes segundo a auditoria da dívida – Fatorelli) favorecendo meia dúzia de banqueiros, e apenas 25% com a Previdência, em favor de milhões de brasileiros. Mas a Previdência é que foi taxada de vilã da história. Foi feita a reforma acabando com uma série de direitos adquiridos. E a mídia fez uma campanha insidiosa em favor dessa reforma, sempre enfatizando os gastos da previdência, escondendo os gastos do Governo com os juros e serviço da dívida.

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