Artigo

Desmonte da Petrobrás atinge setor de refino

Data da publicação: 01/06/2017
Autor(es): Roberto Moraes

A desintegração das atividades da Petrobrás já comprova vários prejuízos para o Brasil. Além da venda em partes das empresas da holding (grupo) Petrobrás, as estratégias já mostram os graves equívocos na condução da estatal de petróleo que caminha para se tornar apenas uma empresa reduzida e que vive da extração mineral. A política de preços de combustíveis adotada logo na entrada pela gestão da Petrobrás, pelo governo Temerário, já apontam prejuízos que nem a nova redução de preços dos combustíveis (5,4% na gasolina e 3,5% no diesel) conseguirá segurar. O fato é: a Petrobrás está perdendo – de maneira seguida e forte – o mercado doméstico de combustíveis. A importação de gasolina pelas tradings que atuam no Brasil passou de 240 mil litros em fevereiro, para 419 milhões de litros, que, segundo consultorias do setor, deve se manter agora em maio.

No comércio de diesel a variação é ainda maior. As importações saíram de 564 milhões de litros em fevereiro, para 811 milhões em abril, com previsão de chegar a 1 bilhão de litros, agora em maio. Estes números são espantosos e mostram o desastre da estratégia do Parente. O Brasil possui um parque de refino com 10 refinarias, sendo 6 delas na região Sudeste, 2 no Sul e 1 no Nordeste e outra no Norte. A capacidade instalada de processamento delas está em torno de 2 milhões de barris por dia. Com esta importação de combustíveis (petróleo refinado), o fator de utilização das refinarias que esteve há pouco tempo em torno de 95%, já caiu para 77% e deve chegar, em breve, a menos de 75%. Este dado não pode ser analisado descolado da observação dos números das exportações de óleo cru, feitas pelo Brasil.

Só em janeiro e fevereiro elas cresceram 65%, alcançando cerca de 86 milhões de barris, segundo dados do próprio governo. A China e a Índia – Brics – são nossos maiores importadores de óleo cru e que poderiam ser parceiros para expansão de nosso parque de refino para exportação de combustíveis com maior valor agregado. É sabido que há uma diferença entre a capacidade de processamento de óleo pesado (da Bacia de Campos) e óleo leve que impõe uma faixa de exportação, mas nunca nesta proporção e muito menos com esta redução enorme do fator de utilização de nossas refinarias. O resultado de tudo isto é que o Brasil está se tornando uma Nigéria ou Angola, exportando óleo cru e comprando derivados refinados no exterior, com nosso parque de refino trabalhando com folga de quase ¼ de sua capacidade.

Quem ganha com isto são as tradings (corporações que comercializam as commodities de petróleo e combustíveis). Aliás, elas já pediram autorização ao governo brasileiro para importar 3,3 bilhões de litros de diesel (mais 47%) que em janeiro e fevereiro e 49% maior que o volume importado no ano passado. Quem perde com isto é a Petrobrás que vai deixando de atuar como uma empresa integrada.

fonte: Blog do Roberto Moraes.