O termo “cara de pau” pode parecer um pouco pesado, mas, dentro de minhas limitações, não encontrei outro para retratar o que sinto sobre o que acontece hoje na Petrobras.
Em sua página na internet, Fatos & Dados da última sexta-feira (02/12), a Petrobras mais uma vez procura “tapar o sol com peneira”.
Que a empresa é, sempre foi, e vai continuar sendo, produtiva e lucrativa, gerando lucro bruto, operacional e caixa, nós já sabemos. Basta olhar os balanços publicados.
O PNG 2017/2021 da Petrobras foi todo elaborado, não para contribuir com o desenvolvimento econômico do Brasil, não para retribuir ao principal acionista da empresa, o povo brasileiro.
O PNG 2017/2021 da Petrobras tem como principal objetivo atingir o índice de alavancagem 2,5 estabelecido por Wall Street. Hoje a direção da Petrobras comemora o fato de que está conseguindo alcançar as metas programadas. Para eles não interessam os meios que estão sendo utilizados para isto, baseados em duas ações : redução dos investimentos e venda de ativos.
A Petrobras tem ao seu dispor a maior oportunidade de investimento da história do Brasil, que é o desenvolvimento do projeto pré-sal. O difícil, o raro, o excepcional foi a descoberta das reservas do pré-sal. Isto feito, o investimento teria de ser a conseguencia lógica e correta. Mas a Petrobras, estranhamente, segue no sentido contrário e corta os investimentos, dando como justificativa alcançar um indicador contábil de alavancagem sem nenhum sentido.
Recente artigo da pagina da Federação Única dos Petroleiros (FUP) informa : “Pedro Parente admite que Petrobras pode ficar de fora dos leilões do pré-sal”.
Temos ainda esta venda de ativos absurda, feita de forma dirigida, sem concorrência, sem transparência que está desmantelando a empresa. A Petrobras está aos poucos sendo privatizada “na moita”, sem o conhecimento e muito menos autorização do verdadeiro dono : o povo brasileiro. Privatização feita por um governo não eleito.
Segundo levantamentos feitos só a venda de Carcará, para a empresa estatal norueguesa Statoil, causou uma perda para o país superior ao efeito de duas Lava Jato.
A Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET) em estudo, concluiu que a venda da Nova Transportadora do Sudeste (NTS) para a empresa canadense Brookfield Infrastructure Partners (BIP) representava : “Um prejuízo maior do que o levantado pela Lava Jato”.
A AEPET esclarece : “Ao todo esta atividade representa 78% da receita líquida da Transpetro e contribui para o lucro do sistema Petrobras”, e questiona : “Por que a Petrobras deve sair de um nicho de negócios sem riscos e entregar o lucro garantido para a BIP ?”
A ASMIRG-BR questionava : “O por que e quem escolheu o banco Itaú para conduzir esta negociação, sendo o banco Itaú sócio do grupo Ultra, que representa a Companhia Distribuidora Ultragaz?”
Depois de demonstrar com números o crime de lesa-patria que estava em andamento a ASMIRG-BR fez um apelo : “Há necessidade do TCU, CADE, MME, Orgãos de defesa do consumidor, dos nossos representantes no poder legislativo, dos nossos amigos da imprensa que nos leem em cópia, de levar a público esta ação que em primeira análise, se mostra com vícios, com propósitos distantes do interesse nacional e que ao contrário gerará mais perdas para a Petrobras S.A.”
De nada adiantou a lamentação, no último dia 17 de novembro o Conselho de Administração da Petrobras aprovou a venda da Liquigas para a Ultragaz por R$ 2,8 bilhões, em negociação conduzida pelo banco Itaú, sócio do grupo Ultra.
Efetivar estas vendas, num momento político em que toda a população está voltada para os capítulos diários da novela Lava Jato, e ainda comemorar os “resultados sólidos” obtidos, é ou não é muita “cara de pau”. É fantástico.