Artigo

Direção da Petrobrás não tem defesa. Faltam argumentos que justifiquem políticas adotadas.

Data da publicação: 27/05/2021

 

Caminhoneiros tinham a esperança de que as coisas fossem melhorar na Petrobrás com a mudança da presidência da companhia.

Enviaram carta ao Gen. Silva e Luna, mesmo antes de sua posse, mostrando esta esperança.

https://www.chicodaboleia.com.br/cntrc-envia-carta-aberta-ao-indicado-a-presidencia-da-petrobras/ 

Posteriormente encaminharam uma proposta de política de preços que pretendiam discutir com a empresa.

http://www.aepet.org.br/w3/index.php/conteudo-geral/item/6139-conselho-dos-caminhoneiros-envia-proposta-de-politica-de-precos-para-bolsonaro-e-silva-e-luna 

Não foram recebidos pelo presidente Silva e Luna, que indicou dois representantes para contato.

Primeiro o Gerente Geral de Comercialização e depois o Diretor de Relações Institucionais. Nenhum dos dois teve condições (conhecimento/competência) para responder às dúvidas dos caminhoneiros.

Sendo assim, os caminhoneiros decidiram enviar carta aberta, desta feita ao presidente Jair Bolsonaro, o que ocorreu ontem 26/05

https://aepet.org.br/w3/index.php/conteudo-geral/item/6293-carta-dos-caminhoneiros-expressa-desilusao-quanto-ao-fim-da-ppi 

Na carta eles questionam:

Quando defendemos o fim do Preço de Paridade de Importação -PPI e da
venda de ativos valiosos (Refinaria, NTS, TAG, BR Distribuidora etc.) estamos
defendendo de forma clara, transparente e objetiva, os interesses dos
caminhoneiros, do povo brasileiro e do desenvolvimento de nossa economia.
Então fica a pergunta: quais interesses defendem os atuais dirigentes da
Petrobrás?

Nesta segunda feira (24/05) ocorreu importante audiência pública promovida pela Comissão de Legislação Participativa da câmara federal, com o tema “O impacto social dos altos preços dos derivados de petróleo“:

https://aepet.org.br/w3/index.php/conteudo-geral/item/6292-aepet-denuncia-efeitos-nefastos-da-ppi-em-audiencia-na-camara

Compareceram representantes da Petrobrás, do Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE e do Instituto Brasileiro do Petróleo – IBP que tentaram defender as políticas adotadas pela Petrobrás, mas apresentando argumentos fracos de difícil defesa.

Do outro lado tivemos brilhante apresentação do Eng. Paulo César Ribeiro de Lima, representando a Associação dos Engenheiros da Petrobrás – Aepet, que mostrou didaticamente os absurdos que hoje são praticados na companhia. Na sua conclusão Paulo Cesar denunciou “O CADE não está preocupado com a formação de monopólios

Importante participação também do presidente do Sindicato dos Condutores Autônomos de Carga de Ijuí – RS, Carlos Alberto Liti Dahmer, que reiterou a insatisfação dos caminhoneiros com a administração da Petrobrás e o governo Bolsonaro.

A fragilidade na defesa de seus próprios planos faz com que a direção da companhia imponha uma política de recursos humanos muito mais baseada na coação e assédio do que na participação livre e criativa, como ocorre em empresas bem administradas.

Os reflexos no corpo gerencial e funcionários os próprios dirigentes não conseguem esconder.
Já em julho de 2017, quando completava um ano à frente da direção da empresa, o então presidente Pedro Parente, em entrevista ao site Poder 360 afirmava “a média gerência está paralisada, amedrontada“, alegando tratar-se de uma reação à operação Lava Jato “porque eles respondem com o CPF“.

Na época escrevi artigo com o título “Qual é o temor dos gerentes da Petrobrás”

https://aepet.org.br/w3/index.php/artigos/artigos-da-aepet-e-colaboradores/item/518-qual-e-o-temor-dos-gerentes-da-petrobras 

Quase quatro anos se passaram. Os planos de destruição da empresa, iniciados com Bendine no governo Dilma, foram implementados por Parente com paralisação dos investimentos, venda de ativos rentáveis e política de preços de paridade de importação (PPI).

Os sucessores de Parente, Ivan Monteiro e Castello Branco, seguiram a mesma linha. Com isto, a Petrobrás que no período 2011/2014 sempre teve uma receita líquida superior a US$ 140 bilhões (US$ 144 bilhões em 2014) assistiu este número despencar para exíguos US$ 54 bilhões em 2020. Uma queda de US$ 90 bilhões, valor superior ao PIB de mais de 90% dos países do mundo.

Naturalmente, toda esta evolução não passou despercebida aos olhos dos gerentes e funcionários impotentes.

Recém demitido, acusado por fraude, o gerente de RH na administração Castello Branco, Cláudio Costa, em entrevista à revista Exame (14 de abril) declarou “…desde de a descoberta da Operação Lava Jato, a empresa vive uma cultura extrema de denuncismo, em que o compliance vive num extremo oposto do que era antes“. E também: “…essa cultura leva a uma apatia na gestão da empresa, o que faz com que gestores tenham medo de tomada de decisão“.

Seria ele é tão incompetente que não consegue identificar a origem dos problemas ? Ou a ideologia cega o raciocínio ? Não tenho a resposta.

O fato é que o discurso da administração da Petrobras se fundamenta em bases inverídicas, mentirosas, insustentáveis.

Será que nas reuniões da diretoria da empresa, uns conseguem olhar nos olhos dos outros ?
Procurei uma definição para mentira:

Mentira. Ato através do qual um emissor altera ou dissimula deliberadamente aquilo que ele reconhece como verdadeiro, tentando fazer com que o ouvinte aceite ou acredite ser verdadeiro algo que é sabidamente falso.

Impressiona e é lamentável ver como a passividade de nosso povo permite que uma empresa como a Petrobrás chegue neste ponto

Cláudio da Costa Oliveira
Economista da Petrobrás aposentado

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