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Mentiras e Corrupção São Características Neoliberais

Data da publicação: 19/07/2019

foi nomeado Secretário de Privatizações, a convite do ministro Paulo Guedes. No tosco vernáculo, que parece uma característica do governo atual, em evento patrocinado pelo Itaú Unibanco, Mattar afirmou:

“Me apontem (sic) uma só estatal eficiente. Não existe”, e respondeu em seguida ao acrescentar que empresas eficientes não precisam de monopólio, em clara referência à Petrobras.

O desconhecimento do assunto sob sua gestão parece ser outra característica deste governo, pois há quase 22 anos não mais existe monopólio para o petróleo no Brasil, extinto pela Emenda Constitucional nº 9, de 09/11/1995, e pela Lei nº 9.478, de 06/08/1997.

Mas não param aí as mentiras sobre aquela que foi a maior empresa do Brasil e indutora do desenvolvimento científico, tecnológico, industrial e da engenharia nacional, além de geradora de milhares de empregos, diretos e indiretos, e da apropriação pelo Estado e pelos cidadãos brasileiros da renda petroleira.

Transcrevemos informações precisas do depoimento do economista Claudio da Costa Oliveira na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços (CDEICS), da Câmara dos Deputados, em 10/07/2019.

Afirmou Claudio Oliveira:

“A mãe de todas as mentiras foi a de que a Petrobrás estava quebrada, ou com sérios problemas financeiros. Desta mentira surgiram diversos filhotes:

-Filhote Número Um: a Petrobrás não pode mais investir, pois uma empresa quebrada não pode investir:

-Filhote Número Dois: a Petrobrás deve diminuir sua dívida, pois uma empresa quebrada não tem capacidade de pagar os juros da dívida;

-Filhote Número Três: a Petrobrás tem que vender ativos para pagar esta dívida, pois uma empresa quebrada não tem recursos”.

Quantos erros, quanta falsidade, quanto estímulo à corrupção!

O administrador Mattar deveria responder a perguntas que surgiriam como consequência lógica das acusações à Petrobrás: em que ano a Petrobrás ficou insolvente? quando ela faliu?

Três indicadores foram apresentados, logo no início da exposição, pelo economista Claudio Oliveira: liquidez corrente, saldo de caixa e geração operacional de caixa.

A Liquidez Corrente (LC) é o índice que relaciona o que se tem a receber e a pagar. Se for igual a um, a empresa está equilibrada, ou seja, o que tem e o que deve são do mesmo valor. Se for superior a um, significa que a empresa está com folga para pagar dívidas, para investir e distribuir dividendos.

No período de 2010 a 2018, apresentado por Oliveira, a Petrobrás sempre teve LC superior a 1,5, chegando a 1,9 em 2010 e 2017, ou seja, em nenhum momento ela esteve quebrada, sempre sobrou dinheiro. E de quanto foi o montante deste dinheiro?

No mesmo período, 2010 a 2018, em bilhões de dólares estadunidenses (USD), os Saldos de Caixa (SC) foram sucessivamente: 17,7; 19,1; 13,5; 15,9; 16,7; 25,0; 21,2; 22,5 e 13,9. Para avaliar estes saldos, nada melhor do que compará-los com outras empresas de petróleo que tenham atuação global, ou seja, de multinacionais petroleiras.

Verifiquemos como se comporta a Petrobrás (PB) em comparação com duas grandes empresas estadunidenses de petróleo: Exxon Mobil (EM) e Chevron CH).

Em 2012, a Chevron teve SC de 20,94 bilhões USD, contra 13,52 da Petrobrás e 9,58 da Exxon Mobil; em 2013, tiveram respectivamente 16,25 (CH), 15,87 e 4,65 (EM); mas a partir de 2014 até 2017 a Petrobrás sempre superou os SC destas duas gigantes do petróleo. Em 2014, a CH teve 12,79 e a EM 4,62; em 2015, respectivamente, 11,02 e 3,71; em 2016, 6.99 e 3,65 e, em 2017, 4,81 e 3,20. A falência jamais ocorreu.

Comparemos agora a Petrobrás, além das duas estadunidenses, com a maior empresa anglo-holandesa, a petroleira Royal Dutch Shell (DS), na geração operacional de caixa. Geração Operacional de Caixa (GOC) significa a tão desejada eficiência empresarial, pois é fruto das receitas e despesas diretamente decorrentes das atividades da empresa. Também deste resultado se tem o já observado indicador de liquidez.

Confrontemos o período no qual a Petrobrás foi mais atacada pelas forças que a querem destruir, das “jornadas de junho” (2013) ao impeachment da presidente Dilma Rousseff (2015/2016) e o governo Temer (2016/2017).

Em bilhões de USD temos, ano a ano:

2013: EM (44,90); DS (40,44); CH (35,01); Petrobrás – PB (26,30)

2014: EM (45,10); DS (45,04); CH (31,50); PB (26,20)

2015: EM (30,30). DS (29,81); PB (25,90). CH (19,50)

2016: PB (26,10); EM (22,10); DS (20,62); CH (12,90)

2017: DS (35,65); EM (30,10); PB (27,11); CH (20,52).

Ressalta aos olhos de um administrador e mesmo de um investidor o comportamento homogêneo e equilibrado da Petrobrás, mantendo um padrão estável e significativo de receitas operacionais, em face das maiores petroleiras do mundo, cujas oscilações representam até mais de 200%.

Voltemos ao competente e preciso depoimento de Claudio Oliveira na Comissão da Câmara dos Deputados apresentando um de seus slides.

“Depois de 2016, a Companhia passou a adotar uma política de preços assassina, com o povo e com a economia brasileira, chamada PREÇO DE PARIDADE DE IMPORTAÇÃO que significa adicionar ao preço interno nas refinarias estrangeiras (especialmente as estadunidenses do Golfo do México), o preço internacional do combustível mais o frete até o Brasil, sua internação em nosso País, mais os custos com seguro, risco cambial e lucro”
“ISTO É UM ABSURDO. NENHUM PAÍS OU EMPRESA NO MUNDO ADOTA ESTE TIPO DE POLÍTICA. NA VERDADE ESTAMOS FAZENDO CARIDADE PARA AS REFINARIAS AMERICANAS. QUAL EMPRESA MUNDIAL FAZ CARIDADE PARA AS EMPRESAS BRASILEIRAS? ALÉM DAS REFINARIAS AMERICANAS, DOS TRADERS E DOS PRODUTORES DE ETANOL, QUEM MAIS ESTÁ LUCRANDO COM ISTO? QUEM ESTÁ PAGANDO, NÓS SABEMOS, SÃO OS CONSUMIDORES BRASILEIROS E A ECONOMIA BRASILEIRA QUE PERDE SUA COMPETITIVIDADE”.

E esta questão das mentiras sobre a situação da Petrobrás e esta política vergonhosa do preço para os derivados produzidos no Brasil dão suporte para o verdadeiro objetivo político do governo e da direção da Petrobrás: eliminar a empresa que é um verdadeiro símbolo da eficiência, da capacidade nacional e orgulho dos brasileiros, como demonstram todas as pesquisas realizadas pelas mais diferentes empresas sobre opinião pública.

Destruir a Petrobrás, desejo de todas as petroleiras estrangeiras e países colonizadores do Brasil, desde sua criação por Getúlio Vargas (levado ao suicídio), encontra no governo Bolsonaro, na atual composição do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional, com a omissão das Forças Armadas seu momento de maior oportunidade.

E logo os brasileiros, os caminhoneiros, os passageiros de ônibus urbanos, qualquer dona de casa que use o gás para cozimento alimentar verificarão quão prejudicial para suas vidas e para segurança nacional foi sua omissão diante do projeto de destruição daquela maior empresa brasileira, criadora de tecnologia e desenvolvimento nacional.

Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado

    
    
   

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