Artigo

MR.TEMER, MRS. M e MR. TRUMP – opinião, conceito e efeito

Data da publicação: 15/02/2017
Autor(es): Vicente P. Silva

O que vem a ser esse tal de efeito TEMER – TRUMP – MRS. M, que proponho nesse artigo? Qual é a sua relação com Brasil de hoje? Muito simples: São artifícios geopolíticos articulados de ingerências, intervenções e golpes. Golpes, sim. Diferenciados, porém golpes. Intrinsecamente vinculados, com efeitos, a depender do interesse do golpista, de curtíssimo, de médio e longo prazo. No caso da conceituação do efeito aplicado às relações externas, se a intolerância e a discriminação recrudescem na metrópole, a colônia repercutirá em escala exponencial através das ações entreguistas de Mr. TEMER e do suporte manipulador de Mrs. M (mídia). As relações caseiras são, meramente, reproduções do modelo externo, com um componente vital, a corrupção. Lá também, não nos iludamos.

Mr. Trump, para manter a tradição de republiqueta, sabe muito bem que poderá contar com o apoio do Mr. TEMER e da Mrs. M e não hesitará em comprar almas, mandatos e consciências para perpetrar o seu intento. À metrópole, o poder, às colônias, as migalhas.

A quem interessa a eleição do lunático presidente americano? Aos mesmos a quem interessou o recente golpe parlamentar no Brasil. São eles que garantem a legitimidade dos golpes externos, o esfacelamento da economia nacional. Uma simbiose perfeita da subserviência bem remunerada que serve bem aos entreguistas, aos vendilhões do patrimônio brasileiro e da Democracia, ao político capataz de uma república provinciana, do latifúndio, cujo exercício transforma, regiamente pago para isso, o Congresso em um balcão de negócio. Foi essa classe apátrida, sem respeito e patriotismo, que protagonizou o deprimente espetáculo de rodízio partidário recente no poder, que longe de ser um fato natural, transformou-se em um grotesco espetáculo, com o respaldo da Mrs. M e outros veículos de desinformação oficiais, a serviço do grande capital.

Apesar de defenestrada a crise imoral, o governo nem tenta esconder a desfaçatez do seu comandante e seu séquito de corruptos, que legislam pelo toma lá dá cá, com siglas partidárias de aluguel, para o seu bolso e, e por isso, sendo forçado pela partilha, a exonerar um ministro a cada semana e criar ministérios, às pressas, para garantir foro privilegiado para ministros corruptos na mira da justiça. Ah, a justiça! Bem fica para outro artigo.

Não é de hoje que a corrupção assola o Brasil. Desgraçadamente, é quase um patrimônio nacional. Não fosse assim, não seríamos os campeões mundiais das desigualdades, da insegurança, uma das nações mais pobres do planeta e do tá tudo dominado.

Rico país dos mais explorados, com rótulo em desenvolvimento desde os idos da década de 50, o Brasil, na verdade é um arquipélago de poucas ilhas de desenvolvimento de conveniência e dependência tecnológica, um grande continente de corrupção institucionalizada que, longe de dividir riquezas, aumenta o fosso entre suas classes sociais, quase castas, reproduzindo hoje, cada vez mais, o modelo de exploração e de dominação do Brasil colônia, que tem como pilares a corrupção, a ganância e o entreguismo de uma classe política corrupta, de empresários conservadores, em regra, corruptos, agentes predadores das riquezas, deitados eterna e esplendidamente em latifúndios. Quais as consequências disso? Fecha-se o círculo entre o latifúndio, a ganância do empresariado conservador e o parlamento, brincando, deliberadamente, de fazer de democracia. Migração, inchaço e degradação da vida urbana, exclusão e violência, um cenário cada vez mais agudo que conta com a conivência facilitadora da ausência do poder público. Um Estado, bicho disforme de grandes e inexauríveis tetas, deliberadamente favorável à simbiose dos eternos bezerros sedentos, as empreiteiras e seus cartéis e tentáculos, de grande e profunda permeabilidade danosa à Nação.

Poder público ou um poder para um pequeno e sortudo público conservador, esperto e concentrador, continuamente trabalhando contra o País e seu povo? Esse poder é o solo fértil para o desmando, a violência, a humilhação das filas do sistema de saúde, as maracutaias, as doenças medievais que assolam o Brasil, blindado por conluio a preço de ouro, por um sistema de comunicação de massa com ares de modernidade, porém calcado, ainda, na mesma estrutura familiar e que mantém a bolha dos interesses escusos, das distorções e manipulação das informações. Esse mesmo sistema que escamoteia a verdade com o artifício da denúncia dirigida, de forma a conciliar a estratégia de desmonte do desenvolvimento brasileiro.

Há novidades nos cartéis de empreiteiras? Absolutamente, não. Novo mesmo é o nível da ganância que fez explodir a podridão dos interesses que Mrs. M resistiu, até onde pode, em noticiar, passando longe, como já esperado, qualquer crítica uma crítica à venda e à entrega de empresas e ativos rentáveis, as riquezas do País, a preços aviltados, louvando a capacidade externa em detrimento da competência interna, com a intenção de quebrar qualquer expectativa e esperança de que é possível ser um grande país, como importante vetor que é, na tríade do efeito. A sede dos entreguistas desse conluio não tem limites. Apostam em um país de braços e pernas abertos para a barbárie e a bandidagem de todo matiz. Parafraseando o sambista Wilson das Neves, a nós, nos restará aguardar o dia que o morro de descer, e não for carnaval. Ou não?

Vergonha, vergonha, vergonha! Previsível vergonha, um filme de gângsteres, rodado num cenário de impunidade, escuridão e podridão nos acordos de subterrâneos que sempre pautaram a vida política brasileira.

Um congresso de tal quilate, eivado de corrupção, com mandatários reféns de si e de outros, falido e debochado, terá moral para barrar uma possível reconfiguração do mapa das novas ditaduras na América Latina, sonhado por Mr. Trump? É pouco provável. Quando na metrópole o ultrarreacionário se fecha, aqui em Bananópolis, o ultrarreacionário colonial que se abre. Como convém a uma boa colônia.

Em tempos de Lava a Jato, bangue-bangues, quedas de aeronaves, nomeações de última hora, rebeliões e tragédias e badaladas apreensões de droga, notícias surgem e, como meteoros, somem da tela num toque da mágica misteremista da comunicação. As panelas, parte do roteiro de golpe do Temer, silenciam, mesmo mais vazias que dantes. O denuncismo dirigido, porém, é a matéria de trabalho e de lucro de Mrs. M.

Mas, lembrando Chico, o Buarque, as tenebrosas transações que desconstroem as bases de um Brasil decente, livre e soberano, continuam, e como dizia Ivan, o Lins, nos tempos de chumbo, nos dias de hoje é bom que o Brasil se proteja!

Que se defenda, a qualquer custo, preço e sangue, nossa tênue Democracia e nosso patrimônio dos nossos próprios mandatários no self service do Rei (as capitanias hoje são virtuais, guardadas a setecentas chaves em bancos nacionais (?) e estrangeiros) e dos misteremes, focando nos interesses internos, nossos, nacionais, nos desígnios e desejos do Brasil. Pronto, falei.