“A concentração da autoridade nas mãos do soberano (D. João II, 1481-1495), como principal representante do Estado-Nação Absolutista, era a alternativa capaz de evitar ou de enfrentar conflitos com Castela e de limitar a dispendiosa expansão dominantemente senhorial no norte da África. Sobretudo, o centralismo estatal favorecia a necessária coordenação para que se ampliasse a dominação comercial ultramarina” (Manoel Maurício de Albuquerque, Pequena História da Formação Social Brasileira, Graal, RJ, 1981). Resumindo, um Estado unitário e forte era a resposta portuguesa para as demandas internas e o respeito no exterior.
Mais de cinco séculos passaram
Mais de cinco séculos se passaram e o povo brasileiro ainda se ilude com ideologias importadas e afasta da discussão política a indispensável “Questão Nacional”.
Portugal também iria abrir mão de sua soberania industrial, deixando de lado as glórias camonianas, que edificaram um reino entre gente remota, para firmar, em 27 de dezembro de 1703, o vergonhoso Tratado de Methuen, também conhecido como “Tratado dos Panos e Vinhos”. John Methuen, por parte da Rainha Ana da Inglaterra (1702-1714), e Manuel Teles da Silva, marquês de Alegrete, por D. Pedro II (1683-1796) estabeleciam que Portugal não desenvolvesse infraestruturas industriais, ou seja, desistia sem luta, em favor da Inglaterra, da corrida industrial. Talvez o codinome “Pacífico”, para este 23º rei português, contenha alguma ironia!
Em 1983, o cientista brasileiro Rogério Cézar de Cerqueira Leite (1931) escreveu um curto e profundo trabalho: “Quem tem medo do nacionalismo?“, editado pela Brasiliense (SP). Os políticos e as mídias brasileiras tamparam este sol, fugiram da luz que esclareceria os rumos a seguir, o que obrigou o físico multi-agraciado, Cerqueira Leite, em 15/04/2021, a colocar nas páginas da Folha de S.Paulo, sob título “Era uma vez um país do futuro”:
“Era uma vez um país do futuro, chegou a vez da barbárie. Mas tudo passa, diz o poeta. Sim, tudo passa, mas deixa um longo e infausto caminho a percorrer, um longo caminho para recuperar a dignidade, a decência, a civilização”, escreveu depois de percorrer toda miséria das mudanças de Dom Paulo Evaristo Arns e sua luta por justiça e paz, pelos US$ 2 bilhões de Edir Macedo, de “um dos mais avançados sistemas de saúde do mundo, o SUS, pelo coveiro de 360 mil brasileiros, o general Eduardo Pazuello” (465 mil mortes por covid, em 1º/06/2021), do educador “Anísio Teixeira pelo psicopata Abraham Weintraub”, de Sobral Pinto, defensor dos injustiçados, por Sergio Moro, “um fascistoide ávido de palanque e de poder”, entre as várias desditas que tolhem atualmente nossa Nação.
Por que nacionalismo?
Por que nacionalismo? Porque nação carrega um sentido emotivo, subjetivo, como assinala Cerqueira Leite, nação é pátria com política. Como chegamos a este pesadelo, de ver nosso Estado destroçado, nossa gente humilhada, nossa Nação à deriva?
Muitas podem ser as respostas. Prefiro ver em nossas próprias ações, equívocos e egoísmos, que tomaram conta de todos, orientados pela ideologia liberal. Liberalismo e comunismo que são as duas faces da mesma moeda, e ambas, para nós, brasileiros, ideologias importadas.
Com todas as críticas que se façam aos governos militares, há que se reconhecer que, sob o lema da Segurança e Desenvolvimento, o ufanismo do Brasil Potência, o País realmente cresceu, ampliou direitos sociais, promoveu a pesquisa científica e tecnológica, e não se curvou, especialmente no Governo Geisel, às intromissões e ordens vindas do exterior.
As finanças internacionais promoveram as “crises do petróleo”, a alta das taxas de juros para empréstimos em dólares estadunidenses, além de intensa campanha midiática, também patrocinando teses nas academias, contra os Estados Nacionais, clamando por “liberdade” e “democracia”. A banca estabelecia a falsa identidade Estado-fascismo-militares-ditadura, tendo por referência os movimentos militares na América do Sul, simulando desconhecer o neoliberalismo de Chicago do chileno Pinochet, muito diferentes dos nacionalismos do peruano Alvarado e do boliviano Torres. Mas estes capitais apátridas, neoliberais, doutrinavam os militares com o Estado Mínimo-democracia-liberdade-competitividade, como se fossem compatíveis.
Propagandas neoliberais
Embaladas pelas propagandas financeiras neoliberais, as oposições brasileiras aos governos militares cometeram o desatino de identificar neles apenas o arbítrio, a tortura; desqualificando seu projeto de País e o nacionalismo. Assim bloquearam o nacional-trabalhismo, responsável pelo mais longo período de desenvolvimento social, cultural, econômico e organizacional do Brasil, e a figura de seu maior líder vivo, que regressava do exílio, o ex-deputado federal Leonel Brizola.
Nem mesmo era lembrado que o golpe de 1964, planejado, financiado e dirigido pelo Governo dos Estados Unidos da América (EUA), foi destinado ao governante nacional-trabalhista, João Goulart (1961-1964), legítimo sucessor do estadista Getúlio Vargas (1930-1945 e 1951-1954).
À eleição para governador do Estado do Rio de Janeiro, em 1982, concorreram, do mais para o menos votado:
1 – Leonel Brizola, PDT, pois a sigla PTB, histórica do trabalhismo, lhe fora tirada por artifício do general Golbery do Couto e Silva;
2 – Moreira Franco, PDS, genro do Amaral Peixoto que apoiou os governos militares, sendo seu partido considerado sucessor da Arena;
3 – Miro Teixeira, PMDB, antigo MDB, partido oposicionista no tempo do bipartidarismo, afilhado político do então governador Chagas Freitas;
4 – Sandra Cavalcanti, PTB, que liderou as pesquisas até cinco meses antes da eleição, herdeira do lacerdismo;
5 – Lysâneas Maciel, PT, protestante, no exílio trabalhou no Conselho Mundial de Igrejas, na Suíça.
Hoje todos os partidos e candidatos, de algum modo, atendem ao capital financeiro, e por isso não tem coragem de mobilizar os eleitores em torno da Questão Nacional.
Vamos ao exemplo do assassinato, que brevemente terá levado meio milhão de brasileiros à morte, por ações e por omissões de um Governo, lacaio do capital financeiro, e que portanto não serve ao País.
As vacinas
Só ignorantes e alienados, ou mal intencionados, não reconhecem a liberdade conseguida, ainda em meados do século XIX, com a descoberta de Louis Pasteur (1822-1895), a vacina antiviral.
Desde o final de 2019, início de 2020, o Brasil tem a ameaça da pandemia do covid 19. Todo mundo se uniu na busca pela vacina, única arma segura para conter a expansão virótica. Métodos, experiências, tecnologias e ideologias marcaram estas pesquisas e seus resultados.
Foram obtidas as seguintes vacinas, com suas principais características.
Coronavac – vacina de origem chinesa é feita com o vírus inativado: ele é cultivado e multiplicado numa cultura de células e depois inativado por meio de calor ou produto químico. Ou seja, o corpo que recebe a vacina com o vírus já inativado e começa a gerar os anticorpos necessários ao combate da enfermidade.
AstraZeneca – vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford (Reino Unido) com tecnologia conhecida como vetor viral não replicante. Utiliza um “vírus vivo”, um adenovírus, que não tem capacidade de se replicar no organismo humano. O adenovírus, ao entrar na célula, faz com que a proteína característica do coronavírus, conhecida como espícula, seja detectada pelo sistema imune, que cria formas de combater o coronavírus e desenvolve resposta protetora.
Pfizer – utiliza a tecnologia chamada mRNA ou RNA-mensageiro, diferente da Coronavac e da AstraZeneca, que utilizam o cultivo do vírus em laboratório. Os imunizantes são criados a partir da replicação de sequências de RNA por meio de engenharia genética. O imunizante da Pfizer precisa ser estocado a 75ºC, o que limita sua aplicação, sendo elaborado em parceria com a empresa alemã BioNTech.
Moderna – como a vacina da Pfizer, também utiliza a tecnologia de RNA mensageiro, com a diferença do armazenamento a -20ºC.
Sputnik V – desenvolvida pelo Instituto Gamaleya de Pesquisa da Rússia, é uma vacina de “vetor viral”. A diferença para a vacina pesquisada pela Oxford é que a Sputnik 5 usa adenovírus diferentes na primeira e segunda doses, o que reforça sua resposta imunológica.
Janssen – vacina da empresa Johnson & Johnson, que precisa apenas de uma dose única. A tecnologia é baseada em vetores de adenovírus, tipo de vírus que causam o resfriado comum.
Abdala – Cuba já começou a vacinar sua população contra a Covid-19 com vacinas produzidas na ilha. O país conta com cinco projetos de imunizantes em desenvolvimento, o maior número da América Latina. Cuba, que tem 11,2 milhões de habitantes, é pouco atingida pelo coronavírus se comparada a outros países da América Latina, computando-se 713 mortos desde o começo da pandemia.
Vamos investigar quem é efetivamente o proprietário destas vacinas
Tanto a chinesa, quanto a russa e a cubana são estatais, permitindo serem aplicadas até sem custo, desde que haja interesse político ou econômico ou mesmo humanitário entre os países envolvidos.
AstraZeneca (AZN) tem os seguintes acionistas: T. Rowe Price Associates, Inc., PrimeCap Management Co., Wellington Management Co., Capital Research & Management Co., Fisher Asset Management, GQG Partners, Fidelity Management & Research Co., Invesco Advisers, Inc. e CIBC Private Wealth Advisors, Inc. Portanto é uma indústria farmacêutica dominada pelo capital financeiro internacional.
Pfizer (PFE) é propriedade dos seguintes fundos, gestores de ativos: The Vanguard Group, Inc., SSgA Funds Management, Inc., BlackRock Fund Advisors (o maior gestor de ativos em capitais investidos), Wellington Management Co., Capital Research & Management Co., Geode Capital Management, Northern Trust Investments, Inc., Norges Bank Investment Management (fundo estatal norueguês), State Farm Investment Management e Charles Schwab Investment Management.
BioNTech (BNTX) tem como maiores acionistas Baillie Gifford & Co., PrimeCap Management Co., T. Rowe Price Associates, Inc., Fidelity Management & Research Co, Artisan Partners, Bill & Melinda Gates Foundation, Invus Public Equities Advisors, BlackRock Fund Advisors e Temasek Holdings Pte Ltd.
Moderna (MRNA) tem seus dez maiores acionistas nas empresas Baillie Gifford & Co., The Vanguard Group, Inc., BlackRock Fund Advisors, Thomas H. Lee Partners (fundo privado criado em 1974), SSgA Funds Management, Inc., Fidelity Management & Research Co., Morgan Stanley Investment Management, Geode Capital Management, Banque Pictet & Cie AS e Bellevue Asset Management AG.
Johnson & Johnson (JNJ), proprietário da vacina Janssen, tem os seguintes maiores acionistas: The Vanguard Group, Inc., SSgA Funds Management, Inc., BlackRock Fund Advisors, Geode Capital Management, State Farm Investment Management, Wellington Management Co., Northern Trust Investments, Inc., Massachusetts Financial Services, Norges Bank Investment Management e o trilionário BlackRock Investment Management.
Observam-se vários acionistas participando de todas as fabricantes, o que já desmente qualquer referência à competitividade. Mesmos donos, com diferentes nomes, fingindo disputar um mercado.
Fica-me evidente que a ação da ANVISA, com desculpas nada convincentes de seus dirigentes – os técnicos seguem ordens e garantem emprego, já raros atualmente no Brasil – é manter a reserva de mercado para os que detêm, efetivamente, o poder no País: os capitais apátridas, residentes em paraísos fiscais, onde nem mesmo faltam os dinheiros dos tráficos de drogas (não fossem farmacêuticas), dos contrabandos e da corrupção que acolhem e praticam.
Pedro Augusto Pinho, administrador aposentado.
Fonte: Pravda