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O imenso repúdio ao golpe incorpora ordens religiosas católicas

Data da publicação: 08/08/2017

são cada dia menos numerosas e expressivas, malgrado toda campanha dos maiores veículos de comunicação de massa.

Chega, agora, a Igreja Católica, por seus mais representativos organismos, as manifestações de repúdio. Teria esta milenar organização aderido ao marxismo, quando os países comunistas já nem mais existem!
“Ai dos que fazem do direito uma amargura e a justiça jogam no chão” (Amós 5,7)

Por primeiro se pronunciou o órgão máximo de representação católica no Brasil, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Em março deste ano, por nota do Conselho Permanente da entidade, opondo-se ao que foi denominado “Reforma da Previdência” (PEC 287/16) afirma: “Os números do Governo Federal que apresentam um déficit previdenciário são diversos dos números apresentados por outras instituições, inclusive ligadas ao próprio governo. Não é possível encaminhar solução de assunto tão complexo com informações inseguras, desencontradas e contraditórias”.

Os franciscanos compararam a pressa do governo Temer em aprovar as reformas com a pressa de Judas para entregar Jesus aos poderosos de então: “O ritmo célere da tramitação de propostas polêmicas em torno de temas delicados faz-nos recordar a pressa de Judas Iscariotes para entregar Jesus aos poderosos. Neste caso, entregue de bandeja ao interesse dos detentores do poder e do dinheiro está o povo brasileiro, especialmente os mais simples: trabalhadores e assalariados.” A nota tem o título de Carta Aberta ao Povo Brasileiro contra a Subtração de Direitos Fundamentais.

A Ordem dos Frades Menores (OFM), os franciscanos, foi fundada em 1209, pelo santo que talvez tenha maior número de devotos, Francisco de Assis.
Na nota, os franciscanos afirmam que as reformas, sobretudo a da Previdência e a terceirização das relações trabalhistas, soam como uma corrida das elites para “à força de um momento de instabilidade e insegurança”, ver aprovadas leis que, à custa da subtração dos poucos recursos de muitos, concentrarão ainda mais a riqueza nas mãos de uma seleta minoria.

Muito semelhante foi também a manifestação dos 345 jesuitas, reunidos na Assembleia da Província Jesuíta do Brasil, de 25 a 27 de julho, cuja nota manifesta a indignação destes religiosos “diante da maneira como as classes dominantes conduzem as crises econômica, social e política que assolam o país e afetam a população brasileira, sobretudo os mais empobrecidos”.

Poderia continuar neste artigo enumerando entidades católicas que explicitamente condenam as ações dos golpistas contra o povo brasileiro e favor do capital financeiro, a banca.

As homilias, mesmo em paróquias frequentadas por burgueses alienados e reacionários, procuram mostrar que as injustiças sociais avolumam com a tomada do poder por elementos corruptos e entreguistas, sem qualquer resquício de dignidade, como mostram suas palavras e ações.

Ouvi, recentemente, mais ou menos estas palavras, pois não as anotei e o padre improvisava: “a justiça se afasta do direito para ser a defesa da riqueza e da injustiça”, o que parece até ser do Papa Francisco, e se ajusta como boa luva no Brasil de hoje.

Nesta tomada do poder pelo golpe juntaram-se todos os poderes constitucionais, a quase totalidade dos veículos de comunicação de massa, diversas denominações pentecostais, entre elas a Igreja Universal do Reino de Deus, do bilionário Bispo Macedo, e o apoio, presente em todos os golpes no Brasil, desde o de 1954, dos Estados Unidos da América (EUA), em abril de 2016 sob o domínio da banca.

E nestes golpistas prevalece o cinismo. Não se intimidam com a repulsa que progressivamente lhes consagra toda sociedade. Fazem os mais lamentáveis espetáculos como foram os da Câmara Federal para o impeachment e para arquivamento da denúncia contra Temer.

Na oração jubilar, dos 300 anos do recolhimento da imagem de Nossa Senhora Aparecida pelos três pescadores, há a expressa condenação do regime que os golpistas parecem querer reintroduzir: “como sinal vindo do céu, em vossa cor, vós no dizeis que para o Pai não existem escravos”.

Hoje, além de ficarem livres da condenação penal, que o conivente judiciário lhes garante, o projeto político destina-se a impedir a livre manifestação do povo nas eleições do próximo ano, que, a meu ver, só esperam um pretexto, por ridículo que seja, para não as realizarem.

Roguemos que estes sacerdotes tenham suas preces acolhidas por Deus.
Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado

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