Tenho visto muitos comentários sobre a derrocada da dita esquerda mundo afora, mas será que os interesses são iguais em todos os países? Será que esquerda e direita são iguais mundo afora?
Vejamos. Nos Estados Unidos, a direita, ou a extrema- direita de Donald Trump, defende o fechamento de fronteiras e a nacionalização de produtos, inclusive com sanções a estrangeiros e possível quebra de contratos de livre- comércio com alguns países. Já no Brasil, a direita defende justamente o contrário, com a abertura completa ao capital estrangeiro, pautada pelo neoliberalismo, e é acusada pela esquerda de entreguista.
Parece-me que se Trump fosse candidato à presidência do Brasil, estaria defendendo a exploração do pré-sal por empresas nacionais. Não aceitaria a interferência estrangeira sobre áreas estratégicas, como água, energia e mineração. Defenderia a boa regulação desses mercados por agências fortes, não manipuláveis politicamente para atender a interesses políticos do momento, como acontece no Brasil.
Será Donald Trump de esquerda? Ou será que os americanos estão tanto à nossa frente que já perceberam que o tal neoliberalismo só funciona com forte regulação independente e com empresas nacionais de grande porte financeiro, evitando evasão de divisas e gerando empregos no próprio país? Seria esta percepção evoluída que elegeu Donald Trump?
Será que Trump, presidente do Brasil, imploraria por investimentos em infraestrutura, por exemplo, com todo o fornecimento de produtos produzidos fora do país e talvez até com mão de obra externa, gerando empregos nos países sedes das empresas investidoras e perpetuando o desemprego aqui? Entenderia ele que isso é solução para nós?
Por fim, a pergunta mais importante: a vitória de Trump e de seu discurso nacionalista, sem falar no Brexit, estaria mostrando ao mundo que o neoliberalismo sem restrições a empresas e capital estrangeiros defendido no Brasil estaria acabado, como aconteceu com o comunismo anos atrás?
Publicado em 10/11/2016 em Zero Hora.