Uma representação burlesca, espetaculosa. O Ministro Interino da Defesa dá detalhes da identificação e dos planos dos meninos do ISIS (Estado Islâmico) do Brasil, suados em seus treinamentos em artes marciais por correspondência, um curso intensivo de Alcorão, técnicas avançadas em coquetéis molotov e arremesso de bola de gude.
O estardalhaço e a velocidade boltiana na divulgação de grupo ou grupos terroristas em preparação intensiva no País, dignos do mais bem treinado candidato a medalhista olímpico, é de fazer rir ou chorar, de rir.
Imagine o torturador Ulstra, ícone e inspiração do deputado, entrando, ao vivo, em edição mais que extra na TV, anunciando para a meia noite uma sessão de tortura com transmissão em tempo real, do enforcamento acrobático do operário Manoel Fiel Filho e do jornalista Rubens Paiva e o misterioso sumiço de Stuart Angel. Ou o deputado, seu discípulo, detalhando, saudoso, a eficiência do procedimento sádico de uma sessão de pau-de-arara ou ainda, a hora marcada para o lançamento da bomba no Riocentro. Fantástico, surreal, inacreditável, não fosse trágico.
Técnicas refinadas de tortura o Pais sempre teve e, nos idos do regime militar, até exportava. Nunca se viu, no entanto, nenhum comandante de órgão de repressão sair dos bastidores e explicitar detalhes de sua estratégia de atuação para coibir o que se chamava também de terrorista.
O golpismo em seu planejamento e perpetração parecia, antigamente, requerer sempre o sigilo. Hoje, contraditoriamente, arma sua estratégia é assentada em bombas midiáticas de comunicação seletiva de massa. A velocidade para descobrir aprendizes de terrorista é inversamente proporcional à vontade de descobrir os cemitérios clandestinos dos que lutaram pelo Brasil, pelo seu povo e pela Democracia.
Voltando ao jogo, é inimaginável ver um comandante ou chefe da delegação de segurança dos EUA ou qualquer outra nação estrangeira, alardear, escancarar seu modus operandi de defesa dos atletas. Trabalham sempre sem alarde e pirotecnias, intensificam sigilosamente suas ações, provavelmente por não acreditarem nos métodos nativos de segurança, embora aproveitem para conhecê-los.
No caso dos nossos terroristas, olha que o ISIS tem assumido muita coisa, mas até chegar aqui, paciência! A operação do ministério da defesa bem poderia chamar-se Destrambelho Midiático. Se queriam mostrar competência, conseguiram arrancar grossas gargalhadas e desconfiança. Pela inabilidade das ações e pelo estardalhaço do ensaio de uma ópera digna de uma república de bananas. Todos os dias, há dias, divulgam-se na grande mídia de pouquíssima credibilidade, métodos e locais de atuação da nossa segurança para os jogos olímpicos. Se não é um código, só pode ser o oportunismo midiático.
Ademais, quem tem um prefeito como o do Rio de Janeiro não precisa de atentado. Em tempos em que o setor de serviços, ênfase no turismo, tem relevância no mundo inteiro, denegrir uma cidade como o Rio de Janeiro, às vésperas dos jogos, por politicagem e disputa a serviço da autopromoção pode ser o fim e não o começo de sua candidatura à presidência que tanto almeja o prefeito, à custa do erário, é uma sandice e um desserviço à cidade.
O povo do Rio de Janeiro e do Brasil bem que gostaria que o jogo da segurança fosse permanente, não a ilusão dos dias de jogos. Parece até que, em detrimento da segurança concreta e necessária, se aposta, como sempre, nos dividendos do mau uso da política. E tome barganha, e toma acordo. Aliás, esse em sido o tom do governo interino: Nos bastidores, correr contra o tempo, decidir contra o povo, entregar o Pré Sal e maquiar estatísticas, para cunhar uma marca, com perdão do infeliz trocadilho, que retrata, exatamente, a cara do deputado Cunha, aliado e mentor.
E os terroristas? Há tempos, estão por aí.