Artigo

Precisa-se de um líder

Data da publicação: 26/02/2016

No modesto entender deste escriba, o Brasil precisa urgentemente de uma liderança capaz de enfrentar o capital financeiro internacional, a Banca, como o chamarei doravante.

Não importa a esta altura buscar origens e culpas. Basta saber que a Banca atua com um propósito, que chamaremos Objetivo Permanente: o da apropriação dos ganhos de todos os demais segmentos econômicos, públicos ou privados e, internamente, reduzindo o número de parceiros (!), numa contínua concentração de renda. Há também outro objetivo, não conflitante com o Permanente: destruir toda política nacionalista, que a afaste da governança das nações.

Como a Banca é formada de capitais de todas as origens: drogas, corrupção, caixa 2, suborno, tráfico de pessoas, cujo montante ela lava e coloca para render, não se lhe pode cobrar atitudes éticas. Veja, nesta última eleição na Argentina, o volume de dinheiro gasto para eleger Mauricio Macri, opositor daquela que enfrentou os Fundos Abutres. Não constituiu surpresa alguma que a primeira medida do novo presidente fosse deslocar seu ministro das finanças para “negociar” com estes fundos.

O Brasil tem dimensões maiores em tudo que se escolha para comparar. Poucos países – os Estados Unidos da América (EUA), a Federação Russa, a República Popular da China e a Índia – tem dimensões, população e recursos naturais comparáveis. Também o Brasil se coloca como detentor de vários êxitos científicos e de tecnologias de ponta, como da exploração de petróleo, que faz da Petrobrás uma presa cobiçada.

Mas tem uma elite, que governa o País desde as capitanias hereditárias, a qual cabe a irônica avaliação que o Presidente João Baptista Figueiredo aplicou aos criadores gaúchos: cafetão. No caso de todos nós, brasileiros, esta elite é a cafetina de nosso suor e de nossas riquezas naturais que entrega aos estrangeiros por variadas comissões e pela sua manutenção no Poder. A denominada grande imprensa é a caricatura desta realidade.

Hoje parece ser travada uma luta, que envolve os mesmos interesses, com sutilíssimas variações, além da permanente sede de poder. Governo e oposição são unânimes na submissão à Banca. Vejamos o vocabulário usado e sua real significação.

Fala-se em “ajuste fiscal”, “medidas duras ou impopulares, mas necessárias”, “confiança dos investidores”, “manter avaliação de grau investimento pelas agências de avaliação de risco (sic)” e muitas outras que o inteligente leitor logo associará. Todas só tem um único significado: tirar salário e rendas dos pobres e da classe média para manter sempre em elevado crescimento o lucro da Banca. Infelizmente a classe média custa muito a entender esta linguagem, mais do que os pobres, e ainda se alia aos interesses da elite como riqueza e poder passassem de um para outro por contágio viral.

A mais recente prova desta igualdade de propósito, entre Governo e oposição, deu-se na aprovação pelo Senado da exclusão da Petrobrás de obrigatória participação na apropriação da maior riqueza descoberta neste País e no mundo, nos últimos 30 anos.

Está vaga a liderança nacionalista. A um só tempo é curioso e triste verificar que os grandes avanços por um Brasil Soberano se deram em Governos Autoritários: Vargas e Militares, a partir de Costa e Silva.

São daquelas épocas a legislação trabalhista, a Companhia Siderúrgica Nacional, a inclusão do trabalhador rural na Previdência Social, a Telebrás, a Embratel, a Cobra, a Nuclebrás e a própria Petrobrás, orgulho de qualquer Nação, criada por Vargas, Presidente eleito, às véspera de seu suicídio/assassinato, por coincidência (?) pela mesma força vitoriosa, agora, no Senado.

Claro que não se deixa espaço vago no Poder. Já se candidatam a esta liderança o ex-Ministro e ex-Governador Ciro Gomes, no partido fundado por Leonel Brizola, muito conveniente, sem dúvida, e o Senador e ex-Governador Roberto Requião, que já teve uma experiência no Paraná, de enfrentamento do Judiciário, onde está enquistada boa parte da elite e dos interesses alienígenas. Não fosse assim, os processos de casos como Satiagraha, Banestado (também chamado LavaJato 1), Castelo de Areia, Lista de Furnas e tantos outros não teriam conhecido o arquivamento e as gavetas sonolentas.

E as Forças Armadas? Enfraquecidas, desinformadas, acreditando que ainda vivemos num mundo bipolar de democratas e comunistas, teriam uma liderança para enfrentar a Banca?

Esta é uma realidade que talvez chegue às primeiras eleições onde as pessoas jurídicas, pela primeira vez, não poderão oficialmente eleger seus representantes.