Os desdobramentos da operação Lava Jato levaram a Petrobrás a paralisar vários contratos por suspeitas de irregularidades. As empresas de engenharia envolvidas no processo pararam suas atividades, gerando grande desemprego. O uso da energia como fator de derrubada da inflação, via achatamento das tarifas, obrigou a empresa a importar derivados e a vender mais barato, perdendo cerca de R$ 80 bilhões em quatro anos.
Esses fatos, somados com a queda do preço do petróleo, fizeram com que a Petrobrás suspendesse vários investimentos. A desaceleração derrubou a demanda agregada e, em consequência, o nível de atividade econômica do país. De acordo com estudos do Ministério da Fazenda, a cada bilhão que a empresa deixa de investir, a economia perde dois bilhões.
Portanto, a queda dos investimentos da Petrobrás e a paralisação de grandes empresas de engenharia, associadas ao efeito de incerteza política, geraram a queda de demanda agregada, das atividades do comércio, da indústria e dos serviços, levando ao desastre do PIB de 2015. Portanto, a Petrobrás é fundamental para a retomada do crescimento nacional.
A empresa tem uma dívidade US 127 bilhões, que se destinam a colocar em produção a imensa reserva do pré-sal, já descoberta, da ordem de cem bilhões de barris. Se o fator de recuperação chegar a 50%, como ocorre na bacia de Campos, portanto, é dívida positiva para investimento e de alto retorno. Mas a queda temporária do preço do petróleo deixou a Petrobrás numa situação complicada, o mesmo que aconteceu com todas as grandes petroleiras mundiais. Como sair deste imbróglio?
Ao nosso ver, existem três formas que, juntas, devolvem à Petrobrás as condições para investir e fazer com que o país retome o seu crescimento em curto prazo:
1- Com aval do governo, ela toma um empréstimo de US$ 30 bilhões junto ao Banco de Desenvolvimento do Brics. A China e a Índia têm interesse nisso, pois importam 6,2 milhões de barris dia (China) e 2,9 milhões de barris (Índia);
2- Faz um contrato de pré-venda de petróleo com a China no valor de US$ 20 bilhões;
3- O governo coloca no BNDES US$ 10 bilhões da sua reserva cambial, a Petrobrás emite debêntures nesse valor e o BNDES compra esses papéis.
A Petrobrás já tem equacionados os recursos para 2016 e 2017. Portanto dispõe de muito tempo para efetivar essas três oportunidades.
A empresa é a locomotiva que puxa o desenvolvimento nacional, não só gerando empregos, mas também gerando tecnologia através do prestígio dado ao conteúdo local, no qual já chegou a comprar 95% dos seus equipamentos.