Artigo

Trovoadas e tempestades sobre a Petrobrás

Data da publicação: 03/02/2015
Autor(es): Henrique Sotoma

Getúlio Vargas criou a Petróleo Brasileiro S.A. – PETROBRAS; era o ano de 1954.

A Petrobrás como empresa que detinha o monopólio do petróleo foi se agigantando nas áreas de pesquisa e desenvolvendo as suas próprias tecnologias; cresceu, amadureceu e o Brasil começou a colher os frutos de sua maturidade. Vieram as descobertas dos poços da Bacia de Campos, a descoberta do campo gigante de Majnoon no Iraque (mais tarde desapropriado pelo governo iraquiano em favor de seu povo), o desenvolvimento do Proálcool com o desenvolvimento de carros a álcool, a descoberta de grandes campos de gás na Bolívia culminando com a descoberta do petróleo do pre-sal.

Até meados da década de 90 quando a Petrobrás detinha o monopólio sempre manteve o país abastecido de derivados; daí em diante, o governo dos neoliberais tentou destruir e vender a Petrobrás, mas não logrou êxito, mas quebrou o monopólio dando início a tentativa de tira-lo das mãos do Estado. Ainda hoje, os neoliberais continuam fazendo o possível para conseguir o seu intento.

Com o espetacular crescimento, a Petrobrás passou a atuar em vários países obtendo êxitos e ajudando o Brasil no desenvolvimento do seu parque industrial (isso diminui o mercado para aquelas empresas industriais estrangeiras que gostariam de ter o mercado brasileiro para si) e qualificando melhor a sua mão de obra própria, fez aguçar os olhos sobre o mercado industrial brasileiro e suas principais empresas prestadoras de serviço, inclusive a Petrobrás, por ser a maior tomadora dos serviços.

A Petrobrás por ser uma multinacional na qual detém o monopólio do refino e de comercialização de gasolina, óleo diesel e também de gás de cozinha, não há duvida que gostariam de abocanhar parte desse mercado, principalmente o de comercialização, pois, a empresa privada que tiver o controle da distribuição terá assegurado a garantia total de seu lucro. Daí, a briga insana para que a Transpetro seja privatizada. Só mesmo um governo míope faria isso.

No caso de refinarias também podemos fazer um raciocínio análogo: nenhuma empresa vai querer partir do zero para iniciar um negocio novo; é mais fácil se associar a alguém que já atua no mercado ou então fazer a aquisição de uma refinaria; daí a briga para que cada refinaria se torne uma empresa independente! Talvez, seja por isso que o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás, Sr. Paulo Roberto Costa estava com intenção de fazer pequenas refinarias; não se sabe se estava blefando ou se estava jogando a ideia no mercado, tal que induzisse o Governo a tornar as refinarias existentes privatizáveis e assim, adquirir algumas delas. Haveria algum interesse politico e empresarial por trás disso? Neste caso, estaria agindo em nome de quem?

Todos os dados obtidos pelo PF e que o MPF está informando para a mídia caem como trovoadas em suas redações; a mídia por sua vez passa essa informação para o publico em geral – que desconhece o mercado envolvendo a indústria do petróleo- como se a Petrobrás fosse uma Empresa que não merece a confiança dos brasileiros. Para nós, petroleiros soa como uma trama para privatizar a Petrobrás. Caso isso aconteça, será o inicio do fim da perda da soberania nacional.

Veja o caso das Telecomunicações: estão na mão de empresas privadas! E qual é a segurança que o Governo tem a sua disposição para saber se o Sistema de Telecomunicações que ela usufrui é seguro em termos de Segurança Nacional? Nenhuma!

É de se perguntar: o Brasil estaria melhor se a Petrobrás tivesse sido privatizada?

Apesar dos casos de corrupção nunca antes visto na Empresa, ela possui ativos para passar tranquilamente pelas tormentas e tempestades que tentam derrubá-lo, afoga-lo e liquidá-lo; acusam de negligentes os componentes de sua diretoria, inclusive estendendo a todos os seus trabalhadores, como se estes fossem todos coniventes; ora essa, o grupo de corruptos é um grupo ínfimo de pessoas que não tem moral e nem ética para continuar como funcionários da Petrobrás e que por isso mesmo, todos os demais trabalhadores esperam que eles sejam julgados e punidos. Que os corruptos e corruptores sejam julgados culpados e presos e que devolvam o dinheiro roubado da Empresa conforme manda a lei.

A corrupção e as injustiças sempre acompanharam o processo de crescimento de uma grande empresa, principalmente quando se trata de uma empresa estatal de um grande país em desenvolvimento que gera e atrai a cobiça por parte das grandes corporações multinacionais receosos de sua atuação extraterritorial.

Por que fazer mais leilões dos campos de petróleo? Está faltando produção de petróleo no Brasil? Quando uma empresa como a Petrobrás tem condições de assegurar para si uma fonte de matéria prima vital como é o caso do petróleo, a perspectiva de estabilidade econômico – financeira do país aumenta, evitando a exploração predatória no sentido de satisfazer o consumo crescente pelo mundo afora.

Por que sufocar a indústria nacional de sondas com pedidos incompatíveis com a sua capacidade de projetos e de produção? O objetivo é leva-los a falência para que outras empresas estrangeiras tomem o seu lugar?

E o caso das refinarias Premium I e II, por que contratá-los fora? A Petrobrás através do seu Centro de Pesquisas-CENPES, possui técnicos de alto gabarito que podiam ser postos a prova ao ter de enfrentar novos desafios realizando um projeto genuinamente nacional, de modo a encontrar novos processos e novos produtos mais adequados, utilizando-se de materiais disponíveis no mercado brasileiro sem ter que recorrer aos produtos oferecidos pelos países industrializados. Este ponto de vista representa um contraponto ao argumento da atual direção da Petrobrás de contratar o projeto básico das refinarias Premium I e II pelo fato destes serem de grande capacidade e o CENPES não dispor de capacidade técnica para realiza-lo! Por que não deixar seus técnicos decidirem? Por que não fazer refinarias menores? Seria a grande oportunidade de alocar mão de obra nacional dando oportunidade de emprego a milhares de trabalhadores brasileiros!

Por que contratar as unidades industriais através de EPC? Não devemos esquecer que as indústrias de máquinas e equipamentos nos EUA e na Europa estão com capacidade ociosa e eles gostariam de dividir o mercado brasileiro entre si. E não devemos esquecer que uma das armas necessárias a disposição de qualquer empresa para conseguir o seu intento É CORRUPÇÃO!

Fala-se em superprodução de petróleo devido a alta produção do óleo do xisto e daí a baixa da cotação do petróleo convencional; os especialistas internacionais dizem que é fácil colocar em produção o poço de óleo do xisto, mas também não esqueçamos que os poços produtores desse óleo decaem rapidamente e, portanto, para manter a produção elevada torna-se necessário colocar mais poços em operação constantemente. Aliado a esses fatos, a produção do óleo de xisto exige muita água para fraturamento e como consequências disso, pergunta-se: as empresas terão água suficiente para manter essa produção alta? Onde serão alocados os resíduos dessa produção? Enfim, os problemas ambientais para a produção do petróleo a partir do xisto são enormes e logo mais os países produtores desse tipo de óleo terão que tomar as devidas providencias para evitar a contaminação do lençol freático e o custo dessa produção deve ultrapassar os U$ 100,00! E o custo de produção do petróleo convencional logo voltará ao seu nível em torno de U$100,00 dólares o barril.

Todas essas trovoadas, tormentas e tempestades porque passa a Petrobrás não devem servir de desânimo aos brasileiros, mas pelo contrário, devem servir de alerta para que fiquemos de olhos bem abertos vigiando os passos de possíveis corruptos e corruptores e também analisando a tendência de comportamento politico dos mandatários do Brasil frente ao avanço das multinacionais de modo que o Governo tenha a sua autoridade preservada e assim, manter a soberania do país.

PETROLEIROS de todas as profissões! Técnicos de nível médio ou de nível superior associem-se a AEPET.

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A Associação precisa de você para defender a PETROBRAS; só uma sociedade organizada e forte e que pode contar com o apoio maciço de seus associados terá força necessária para exigir mudanças definindo estratégias para serem colocadas em prática.

Henrique Sotoma
Diretor Cultural da AEPET
(Ex-Diretor Administrativo da AEPET)