Notícia

A disputa entre Arábia Saudita e Qatar pode ser sobre gás, não terrorismo

Data da publicação: 06/06/2017

A disputa da Arábia Saudita com o Qatar é datada de 1995 e decorre do sucesso do país na produção de gás natural liquefeito (GNL). O GNL deu maior independência ao Qatar frente a Riyadh e alinhou Doha com o Irã, arquinimigo da Arábia Saudita. A revolução do GNL fez do Qatar uma das nações mais ricas do mundo com uma renda per capita anual de US $ 130.000. O país também se tornou o maior exportador de GNL. O campo norte offshore do Qatar, que fornece todo o gás do país, é compartilhado com o Irã. O Qatar também hospeda o Comando Central dos EUA e comprou uma participação de US$ 2,7 bilhões na principal petrolífera russa, Rosneft.

“O Qatar costumava ser uma espécie de estado vassalo da Arábia Saudita, mas usou a autonomia que a riqueza do seu gás criou para desempenhar um papel independente”, disse Jim Krane, pesquisador de energia do Instituto Baker da Rice University, Texas, segundo a agência Bloomberg. “O resto da região tem procurado uma oportunidade para cortar as asas de Qatar”, acrescentou Krane. Na segunda-feira, a Arábia Saudita, o Egito, o Bahrein, os Emirados Árabes Unidos, o Iêmen e outros países reduziram os laços diplomáticos com o Qatar, acusando o país de apoiar o terrorismo.

A riqueza de GNL permitiu que o Qatar formasse uma política externa, independente dos sauditas. Riyadh acusou Doha de apoiar a Irmandade Muçulmana no Egito, o Hamas na Faixa de Gaza e os grupos armados opostos entre Abu Dhabi e Riyadh nas guerras Líbia e Síria. Além disso, a Arábia Saudita e outros países do Golfo viram um aumento na demanda de GNL para produzir eletricidade. Como o Qatar tem os menores custos de extração, os sauditas dependem de importações de GNL de custo mais alto. “Você pode questionar porque o Qatar não esteve disposto a fornecer para seus países vizinhos, tornando-os pobres de gás, provavelmente havia uma expectativa de que o Qatar vendesse gás para eles com um bom desconto”, Steven Wright, Ph.D. Professor associado da Universidade de Qatar disse à Bloomberg.

O ministro das Relações Exteriores do Qatar disse na terça-feira que Doha estava pronta para os esforços de mediação para aliviar a fissura entre os países do Golfo. O governante do Kuwait, Sheikh Sabah Al-Sabah, anunciou que viajaria para a Arábia Saudita na terça-feira para mediar o fim da briga.

FONTE: RT (rt.com)