Notícia

AEPET defende usina de Quixadá junto ao governo do Ceará

Data da publicação: 18/11/2016

O ex-deputado federal Ricardo Maranhão, que é conselheiro da AEPET, enviou carta ao governador do Ceará, Camilo Santana, com cópias para prefeito de Quixadá (CE), senadores e deputados federais reiterando posição da AEPET, contrária ao encerramento das atividades da usina de biodiesel localizada naquele município cearense. O protesto, subsidiado com fatos e números referentes ao mercado de etanol e biodiesel no Brasil e no mundo, dá exata dimensão do grave erro estratégico de, a pretexto de equacionar a dívida da Petrobrás, retirar a Companhia de um mercado dos mais promissores.

“A AEPET considera absurda e inaceitável a decisão, já anunciada pela Petrobrás, de encerrar as atividades em Quixadá”, resume Maranhão.

Clique aqui para ver a posição da AEPET sobre a venda de ativos da Petrobrás.

Clique aqui para ver o que pensa a AEPET sobre a saída da Petrobrás do segmento de biocombustíveis.

Leia a seguir a íntegra da carta de Ricardo Maranhão

Senhor Governador CAMILO SANTANA,

A Associação dos Engenheiros da PETROBRÁS – AEPET, entidade da Sociedade Civil, fundada há 55 anos, representa mais de 3000 profissionais das diversas categorias universitárias do Sistema PETROBRÁS, tendo como objetivos estatutários a defesa da PETROBRÁS, de seu Corpo Técnico e da Soberania Nacional.

A AEPET tem posição contrária à da atual administração da PETROBRÁS, que promove a venda indiscriminada de ativos estratégicos do Sistema PETROBRÁS, com estranha ligeireza, sob a alegação de que é necessário reduzir a dívida da Companhia.

Embora expressiva, a dívida pode ser equacionada, reduzida, tendo seu perfil alongado, sem a necessidade de se desfazer de cerca de um terço do patrimônio da Companhia, inclusive porque a PETROBRÁS tem uma pujante geração de caixa. Neste sentido enviamos proposta / sugestão à diretoria da PETROBRÁS, conforme documento anexo, para conhecimento de V.Exa.

Entendemos, como absoluta falta de visão estratégica, a decisão de afastar a Companhia das atividades de produção de ETANOL e BIODIESEL, liquidando a subsidiária PETROBRÁS BIOCOMBUSTÍVEIS.

O mercado para estes produtos terá, certamente, forte expansão nos próximos anos, impulsionado por exigências ambientais, que resultarão em escala crescente, na substituição dos combustíveis fósseis por outros, renováveis e mais limpos. Isto já está ocorrendo. Em 2015 o consumo de ETANOL no Brasil teve incremento de 37,5% em relação a 2014, enquanto a demanda de gasolina reduziu-se em 7,3%. Foram consumidos, em 2015, 41,1 bilhões de litros de gasolina e 17,9 bilhões de litros de ETANOL.

As empresas petrolíferas multinacionais estão investindo maciçamente na produção de ETANOL no Brasil, sendo exemplo marcante desta tendência a associação da COSAN (Grupo OMETTO) com a SHELL, que resultou em uma associação com recursos de 40 bilhões de reais para formar a RAíZEN (valores de 2010).

O mesmo ocorre na produção de BIODIESEL, biocombustível que é adicionado ao diesel mineral. A mistura, iniciada com 2% de biodiesel, já foi ampliada, sucessivamente para 5% e 7% devendo atingir 10% até 2020. Em 2015 o consumo de BIODIESEL já atingiu 4,0 bilhões de litros/ano, acréscimo de 17,4% em relação a 2014.

Registre-se que o Programa Brasileiro de Biodiesel está ligado a uma estratégia que visa à dinamização da AGRICULTURA FAMILIAR (PRONAF) fundamental para a geração de emprego e renda, além de proporcionar benefícios ao meio ambiente. Informações disponíveis mostram que a Unidade de Biodiesel de Quixadá, no Estado do Ceará, coloca no mercado produto de excelente qualidade, muito disputado nos leilões realizados pela Agência Nacional do Petróleo – ANP.

Para conhecimento de V.Exa. estamos anexando documento sobre a atuação da PETROBRÁS na produção de BIODIESEL.

Ressalte-se que o Nordeste Brasileiro ainda é dependente de importações de biodiesel, uma vez que as plantas de Quixadá (CE) e Candeias (BA) não têm produção suficiente para atender à demanda da região.

Pelo exposto, a AEPET considera absurda e inaceitável a decisão, já anunciada pela PETROBRÁS, de encerrar as atividades em Quixadá. Esta decisão insensata trará gravíssimos prejuízos e nefastas conseqüências sociais para o Estado e para o povo cearense, especialmente para as populações mais carentes.

Por estas razões, levamos o nosso apoio a todas as entidades e segmentos da sociedade que se colocam no movimento para reverter a perversa decisão. Entendemos que esta luta está acima de divergências político/partidárias, pois envolve os mais relevantes interesses do BRASIL e do Estado do CEARÁ.

Sugerimos manifestações da classe política cearense, nas esferas federal, estadual e municipal, junto ao Presidente da República, Ministro das Minas e Energia e Presidente da PETROBRÁS, solicitando a manutenção da Usina e a continuidade do projeto BIODIESEL no município de Quixadá.

Atenciosas Saudações,
Ricardo Maranhão
Conselheiro da Associação dos Engenheiros da PETROBRÁS – AEPET