Notícia

Brasil voltando a ser colônia

Data da publicação: 08/12/2016
Autor(es): Rogerio Lessa

Segundo dados recentemente divulgados pela Organização Mundial do Comércio (OMC) para o ano de 2015 o ranking dos maiores exportadores de mercadorias (incluindo comércio intra-europeu), continuou tendo como líder a China. Esta economia ampliou sua expressão no comércio mundial de 12,4% em 2014 para 13,8% em 2105, mesmo tendo variação negativa de 2,9% em valor. Nas posições seguintes vêm EUA, Alemanha, Japão e Holanda.

Destacam-se as quedas no ranking dos maiores exportadores os países especializados em minérios e combustíveis: Rússia, Emirados Árabes, Arábia Saudita e Austrália. Índia e Brasil permaneceram nas mesmas colocações em 2014 e 2015, respectivamente, 19ª e 25ª.

Do lado das importações de bens, o Brasil perdeu três posições, da 22ª em 2014 para 25ª, o que está associado à forte recessão da economia doméstica em 2015. A Rússia também caiu, da 17ª para a 23ª posição. O país líder continuou sendo os Estados Unidos, cuja parcela nas importações mundiais subiu de 12,7% em 2014 para 13,8% em 2015 – mesmo com queda de 4% em relação ao ano anterior. A China veio em segundo lugar, mas assinalou variação de -14,2% nas importações.

A participação do Brasil no valor das exportações mundiais de bens decresceu de 1,3% em 2013 para 1,2% em 2014, ficando estável em 2015, considerando o comércio intra União Europeia. Em termos de importações, a parcela brasileira ficou estável em 1,3% em 2013 e 2014, recuando para 1,1% em 2015. Como convém observar, a posição brasileira como 25º maior exportador e importador de bens é desproporcional ao tamanho da sua economia, uma das dez maiores do mundo.

Porém, a situação relativa do Brasil no comércio global é ainda mais dramática se for considerado o comércio de manufaturas. Em 2015, o Brasil voltou a subir no ranking dos maiores exportadores desses bens, passando da 32ª posição em 2014 para 31ª (tendo sido a 26º maior em 2005), mas com retração de 7,8% em valor (enquanto as exportações mundiais de manufaturas caíram 7,3% em 2015).

Como a economia industrial brasileira também se situa entre as dez maiores do planeta, o descompasso com a colocação do país no ranking exportador de manufaturas (31ª colocação) é ainda mais gritante. A parcela do Brasil nas exportações de manufaturas mundiais vem caindo seguidamente, chegando no ano passado a um nível muito perto de insignificante: 0,6%.

Já no caso das importações de manufaturas a participação brasileira foi de 1,12%. No ranking das importações de manufaturas, em razão de sua recessão, o Brasil em 2015 perdeu três posições, passando a ser o 25º maior importador mundial, após queda no valor de 20,6%.

Ainda segundo dados da OMC, na composição do comércio externo brasileiro, houve em 2015 uma reversão da tendência de queda da participação das manufaturas nas exportações totais, passando de 34% em 2014 para 37%, puxada por equipamentos de transporte.

Nas importações de bens, a pauta brasileira ficou ainda mais concentrada em manufaturas, de 69% para 74% do total de 2014 para 2015, com elevação nos equipamentos de escritório e telecomunicações e de transporte.

A inserção brasileira no comércio mundial será tratada em maiores detalhes na Carta IEDI a ser divulgada amanhã.

FONTE: IEDI