Notícia

Cambio mais realista ajuda a indústria

Data da publicação: 01/04/2016
Autor(es): Rogerio Lessa

Em sua análise de conjuntura, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento da Indústria (IEDI) ressalta que os números da produção industrial, divulgados nesta sexta-feira (1) pelo IBGE, mostram que o desempenho de janeiro “foi apenas um suspiro que infelizmente não se sustentou”. No entanto, a desvalorização cambial pode estar começando a ajudar a indústria. “Voltamos, então, à realidade, porém com certas características que merecem ser ressaltadas”, pondera o Instituto.

Em primeiro lugar, a produção de bens de capital apresentou alta tanto em janeiro (+2,1%) como em fevereiro (+0,3%), frente ao mês anterior com ajuste sazonal. Já sua queda de 25,8% frente ao mesmo mês do ano anterior, ainda que tenha permanecido elevada em fevereiro, recuou para um patamar inferior àquele que prevaleceu ao longo de todo o segundo semestre de 2015 (superior a 30%). “Dado o tamanho das perdas desse setor no ano passado, isso não deixa de ser uma boa notícia.”

O recuo em fevereiro contra o mesmo mês de 2015 também foi menos intenso em outras categorias, como em bens intermediários, que caíam mais de 10% entre nov/15 e jan/16 e agora 8,5%. “Mais importante foi a variação de -2,0% em bens de consumo semi e não duráveis, a queda mais branda desde dez/14. É bem possível que nem toda essa desaceleração se explique pela existência de um dia útil a mais em fevereiro último”, diz o IEDI.

Em segundo lugar, a proporção de produtos e ramos industriais com taxas positivas de crescimento teve sensível melhora em fevereiro último. Frente ao mesmo mês de 2015, do total de produtos pesquisados pelo IBGE 31,4% tiveram alta em fevereiro. Em média, entre nov/15 e jan/16 essa relação mal chegava a 23%.

Além disso, 5 dos 25 ramos da indústria de transformação apresentaram aumento de produção frente a fevereiro de 2015. “Ainda que algumas dessas altas sejam pontuais, há setores com trajetórias um pouco mais promissoras, como papel e celulose ou mesmo produtos alimentícios”, dizem os analistas.

Em terceiro lugar, vários setores que continuam em queda na comparação com o mesmo mês do ano anterior recuaram, em fevereiro, para um patamar menos agudo. É o caso de confecção e acessórios, de calçados e couros e também de minerais não metálicos que, depois de declínios superiores a 10% na maioria dos meses da segunda metade de 2015, apresentaram variações de -5,8%, -5,7% e -9,6%, respectivamente.

A produção de móveis, por sua vez, caiu 8,8% em fevereiro, depois de amargar quedas mensais próximas de 20% entre julho de 2015 e janeiro de 2016. Os produtos químicos beiraram a estabilidade, com um resultado de -0,7%, a menor taxa negativa desde abril de 2015, enquanto produtos farmacêuticos e farmoquímicos tiveram crescimento de 2,6%, algo que não ocorria desde dezembro de 2014.

“Dito isso, é evidente que a crise continua e que o quadro da indústria ainda é muito grave, mas pode ser que alguma coisa esteja acontecendo. Pelos setores a apresentar sinais de um quadro menos adverso nos meses mais recentes é possível que um número maior de empresas esteja começando a colher os frutos da desvalorização cambial”, resume o IEDI.

FONTE: IEDI