O campo de petróleo de Kashagan, gigante do Cazaquistão, levou 16 anos e mais de US $ 50 bilhões para começar a produzir. Pode demorar mais uma década para atingir o seu potencial, com produção inicial pela metade do nível de previsão.
A Eni SpA, trabalhando com parceiros Royal Dutch Shell Plc, a Total SA e do estado do Cazaquistão, espera que Kashagan comece a produzir neste mês de outubro e, daqui a um ano, alcançar 370.000 barris por dia. A consultoria Wood Mackenzie Ltd. sustenta que o campo vai produzir apenas cerca de 154.000 barris por dia, em 2017, e não alcançará os volumes planejados até a próxima década.
“Levará algum tempo para atingir a capacidade de produção”, opinou Samuel Lussac, gerente de pesquisa da WoodMac para a Rússia, em uma entrevista. “Não esperamos que Kashagan Fase 1 produza mais de 300.000 barris por dia antes do início da década de 2020”.
Lussac espera taxas de eficiência inferiores ao projetado pela Eni, explicando a diferença de previsões para o vasto campo no Mar Cáspio norte. O projeto, inicialmente previsto para entrar em operação mais de uma década atrás, tem sido afetado por atrasos e custos causados por vários contratempos. A estimativa de orçamento de 2008, de U$ 38 bilhões, saltou para US $ 53 bilhões até o final do ano passado, após vazamento de gás que rompeu o gasoduto.
A Eni disse em julho que Kashagan iria produzir 230.000 barris por dia até o final deste ano, com pico de 370.000 barris até meados de 2017. WoodMac, no entanto, não vê esse ápice – que estima em 380.000 barris por dia – a partir de 2026.
Projeto desafiador
Em novembro de 2014, Kashagan foi descrito como “a mãe de todos os projetos”, considerando “a combinação de desafios sem equivalente em nossa indústria.”
Os proprietários dessa descoberta, desde a russa Priobskoye do Norte, em 1982, mudaram ao longo dos anos. A participação do Cazaquistão é agora de 16,88%; Eni, Total, Shell e Exxon Mobil Corp. possuem, cada uma, 16,81%. China National Petroleum Corp. participa com 8,33% e a Japão Inpex Corp detém 7,56%.
O início iminente de Kashagan levou a Organização dos Países Exportadores de Petróleo a aumentar a sua previsão para o crescimento da oferta não-OPEP no próximo ano em 350.000 barris por dia, para uma média de 56,52 milhões de barris. A Agência Internacional de Energia também aumentou sua previsão para abastecimento fora da Opep em 2017, prevendo um crescimento de 380.000 barris por dia.
Publicado em inglês em 13/09/2016 em Bloomberg.