O Sudeste do México começou a sofrer os estragos da crise do petróleo. O desemprego tornou-se uma sombra sobre os estados de Tabasco e Campeche, históricos produtores de petróleo por mais de 70 anos – e os governos locais começaram a lançar um pedido de ajuda para suas as economias que ajudaram a sustentar o sistema financeiro do México através de recursos do petróleo. Esta semana, o governo de Tabasco anunciou que, nos últimos dois anos, 12.000 funcionários de Petróleos Mexicanos (Pemex) foram demitidos, o que causou a perda de outros 30.000 postos de trabalho na indústria do petróleo naquele estado. A Pemex não confirmou estes números, afirmando que o declínio no número de postos de trabalho correspondem principalmente às aposentadorias.
Os dados foram divulgados por Córdova Jaime Castillo, subsecretário de Fomento às Empresas Tabasco, após reunião com empresários no setor de energia. A região está enfrentando o paradoxo de se reinventar, após a aprovação da reforma energética de 2013, em um ambiente difícil pela queda dos preços do petróleo a nível mundial. “Os impactos da reforma energética ninguém pode prever ainda porque, infelizmente, quando implementadas as primeiras ações, infelizmente, o baixo preço do petróleo tem inibido a participação e início de novos projetos”, disse ele à imprensa local.
Acrescente-se a isso a complexa situação financeira da Pemex, que na prática é a única empresa que está alimentando a produção de petróleo do México. Pemex tem uma força de trabalho de 125.000 empregados e o orçamento de 2017 prevê que nos próximos meses, pelo menos, 9.000 trabalhadores devem ser demitidos da empresa, que procura formas de reduzir suma bilionária dívida.
Tabasco e Campeche deixaram de lado a sua natureza rural e se voltaram para a indústria de petróleo nas últimas décadas. Muitas cidades surgiram nestes estados para atender às necessidades das instalações de petróleo. Com a reforma energética, estes centros aguardavam a chegada de empresas privadas e uma transição no mercado de trabalho, que ainda não chegou. Em Janeiro de 2014, um mês após a adoção da reforma, Tabasco e Campeche tinham taxas de desemprego de 5,8% e 2,5%. Ao final de setembro deste ano chegaram a 8% e 4,3% respectivamente. Tabasco tornou-se o estado com os mais altos níveis de desemprego no país.
O governo mexicano propôs em maio um plano para impulsionar a economia de ambos os estados. O projeto baseava-se sobre os pagamentos a fornecedores da Pemex, de forma a impulsionar a indústria da região, fornecendo facilidades para os empresários para pagar impostos e seguridade social dos seus trabalhadores e incentivar a e girar economia local a voltar uma vez mais à agricultura e à pesca.
Publicado em espanhol em 28/10/2016 em El País.