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Desenvolvimento ainda depende de indústria e Petrobrás fortes

Data da publicação: 04/10/2016
Autor(es): Rogerio Lessa

No momento em que a Petrobrás corre o risco de perder o status de operadora única do pré-sal e se ver fragilizada na missão de aumentar o conteúdo nacional entre seus fornecedores, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento da Indústria (IEDI) destaca entrevista do professor Dani Rodrik, a Universidade de Harvard, na qual o especialista acentua os riscos da desindustrialização prematura que está ocorrendo no País.

Veja a seguir:

A discussão no Brasil sobre o declínio da indústria na estrutura econômica do país parece levar a crer que não existe uma controvérsia a respeito dos males decorrentes de um processo prematuro de desindustrialização. Mas, na literatura internacional este é um tema de debate que nunca perdeu importância. Um dos principais autores a tratá-lo é Dani Rodrik, professor da Universidade de Harvard.

Em seu artigo entitulado “Premature deindustrialization” e publicado peloJournal of Economic Growth em 2016, Dani Rodrik vai fundo nessa questão e sustenta teses muito relevantes.

A primeira dessas teses é que o processo de desindustrialização por que passa muitos países atualmente, a exemplo do Brasil, não tem a mesma natureza daquele experimentado pelas economias avançadas. Em países como EUA, Japão e da Europa, a perda de participação da indústria no PIB ou no emprego só veio a ocorrer depois que a renda per capita de sua população atingiu um elevado patamar, decorrente do aumento de produtividade gerado na indústria.

Este não é o caso do Brasil, por exemplo. É por isso que pode se falar em desindustrialização prematura.

Igualmente relevante é a constatação de que tal declínio prematuro da indústria tem consequências muito mais prejudiciais ao desenvolvimento econômico. Por exemplo, diante da globalização, a indústria desses países perde competitividade interna e externamente, porque ela não tem a mesma capacidade tecnológica da indústria dos países avançados.

Outras consequências negativas da desindustrialização prematura é o deslocamento do emprego em direção a atividades de baixa produtividade do setor de serviços e do setor primário, bem como o aumento da informalização e da precarização das condições de trabalho e de vida das populações.

Um resumo das conclusões do autor sublinharia que se uma determinada economia tem condições de ter uma indústria manufatureira desenvolvida, ela deve cuidar para que seu parque industrial renove permanentemente sua qualidade e produtividade.

Para o Brasil, o “recado” de Rodrik não poderia ser mais claro: a desindustrialização prematura precisa ser combatida no sentido de se buscar maior qualidade das atividades de produção. Para tal, além de se investir em qualificação de mão de obra e em sofisticação tecnológica, seria necessário estar atento para a vulnerabilidade comercial, buscando uma inserção externa mais estratégica.

Para ler a matéria na íntegra, baixe o anexo.

FONTE: IEDI