Notícia

Estado mínimo não combina com desenvolvimento

Data da publicação: 14/11/2014
Autor(es): Rogerio Lessa

No livro “O Estado Empreendedor” (Companhia das Letras), a economista italiana Mariana Mazzucato, que leciona em universidades da Inglaterra, reflete sobre diferentes processos de desenvolvimento econômico e suas trajetórias, questionando algumas ideias tidas como consensuais, mas que na verdade estão baseadas em fundamentos teóricos frágeis, sobretudo aqueles inspirados na supremacia do mercado, em detrimento do Estado.

A autora demonstra que nunca existiu um setor privado absolutamente independente do Estado para a promoção do desenvolvimento. Isto porque, segundo Mariana, não há Estado que não dependa de um mercado vigoroso para seu desenvolvimento, assim como não há mercado livre sem um Estado capaz de garantir segurança jurídica, estabilidade macroeconômica e um ambiente favorável aos negócios.

Segundo a autora, as grandes alavancas de desenvolvimento surgiram, em grande parte, porque o Estado decidiu financiá-las em algum momento, mesmo que a lógica econômica imediatista ditasse o contrário. “Os grandes avanços tecnológicos que se traduzem hoje em grandes empresas privadas altamente competitivas (a Apple ou o Google, por exemplo) só puderam existir porque, no passado, o Estado assumiu os grandes riscos necessários para incubar as tecnologias que permitiram a existência dessas empresas”, ressalta o texto que apresenta o livro, acrescentando que, simultaneamente, deve haver pesado investimento em educação e capacitação.

A conclusão que se chega, mesmo antes do final do livro, é que não há desenvolvimento com Estado mínimo.