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Ilán Pappé insistiu na Argentina que a proposta dos dois Estados “está morta” (maio/2017)

Data da publicação: 04/05/2017
Autor(es): PCB

Rodeado por uma imensa quantidade de admiradores de sua obra ensaística e recebido com todas as honras pelo embaixador palestino na Argentina, Husni Abdel Wahed, o escritor israelense exilado em Londres e antissionista Ilán Pappé, falou dos mitos que justificam a invasão e ocupação territorial que o Sionismo vem produzindo na Palestina há quase sete décadas. A partir do mito-mentira de “uma terra sem povo para um povo sem terra” até o mais comum dos mitos de que “toda pessoa que renega o sionismo é antissemita”, Pappé foi dando os elementos para demonstrar que Israel é um grande usurpador, além de um expansionista que apela para a violência a fim de submeter homens, mulheres, meninos, meninas, idosos e idosas da Palestina.

Detrás da mesa na qual sentaram o conferencista, o embaixador palestino e um representante da Cátedra Edward Said sobre a Palestina, da Universidade de Tres de Febrero, junto com eles, presidindo o ato, estava um painel do revolucionário palestino Marwan Barghuti, que atualmente encabeça um movimento de greve de fome de mais de 1.500 prisioneiros e prisioneiras palestinas, nas prisões de extermínio israelenses. Pappé explicou que “a diferença do sionismo com relação aos outros movimentos que praticam o colonialismo por implantação da população, é o momento histórico. Eles vieram a uma terra onde os nativos já tinham uma organização moderna e se negavam a ser eliminados.

A visão de que o sionismo é um movimento colonialista por implantação de população é muito importante. Tem implicações importantes quando falamos de resistência palestina no futuro e, ainda assim, em distintas partes do mundo tem influências no processo de paz. A luta palestina é representada como ‘terrorismo’ porque o sionismo não é reconhecido como colonialismo. A luta do movimento nacional palestino é uma luta clássica anticolonialista, não é uma luta antissemita nem terrorista. O primeiro ato violento do povo palestino foi para se defender da usurpação. Infelizmente, as lutas anticolonialistas no mundo árabe não foram respeitadas como nestas terras latino-americanas”. Em outro momento importante de sua conversa, Pappé voltou a insistir que a palavra de ordem esgrimida de conseguir a convivência entre dois estados “está morta”, mais ainda “é uma peste para justificar o domínio de Israel”.

Terminou salientando que é preciso defender três direitos inalienáveis do povo palestino. “O primeiro é o direito dos habitantes de Gaza e Cisjordânia de não viverem sob a dominação do sionismo e seus soldados. O segundo é o direito dos refugiados palestinos de voltar a suas terras, e o terceiro é o direito dos palestinos que vivem em Israel de não sofrerem discriminação. Durante os próximos 20 anos, o desafio é encontrar uma solução que contemple estes três direitos, e se não o fizermos, o problema não vai estar resolvido definitivamente”. Na atividade também se apresentou o primeiro número da revista ibero-americana de investigação, análise e cultura palestina “Al Zeytun”, editada pela Embaixada da Palestina. Ilustração: Fala o embaixador palestino na Argentina.

FONTE: Resumen Latinoamericano.

PCB