A mídia deu destaque (negativo) para a decisão da Petrobrás de suspender por 60 dias a oferta de debêntures que tinha como objetivo a captação de R$ 3 bilhões no mercado interno. Da maneira como foi divulgada, a notícia leva a crer que o recuo foi motivado exclusivamente por fragilidades da Companhia, pela má repercussão de supostos erros de gestão, mas o economista Paulo Passarinho, apresentador dos programas Faixa Livre e Debate Brasil, recomenda um olhar mais isento, que considere as contingências do mercado.
“A forte elevação da cotação do dólar; a queda nos preços dos papéis da Companhia; e o spread oferecido, considerado baixo pelos investidores, se comparado à taxa vigente semana passada no mercado interbancário, certamente ajudam a explicar melhor a decisão”, pondera. Passarinho lembra também o recente êxito da Petrobrás na operação realizada no início de junho deste ano, já sob a crise da Operação Lava Jato, que surpreendeu o mercado, na qual a Companhia captou no mercado externo US$ 2,5 bilhões com uma emissão de bônus com prazo de cem anos, também conhecidos como “century bonds” – a demanda chegou a UD$ 13 bilhões.
De fato, na terça-feira (13), quando a Companhia e os bancos coordenadores tinham reunião com investidores institucionais, a incerteza política fez o dólar saltar quase R$ 0,15, fechando a R$ 3,89, enquanto as ações da estatal recuaram cerca de 8%.