O ex-deputado federal e conselheiro da AEPET, Ricardo Maranhão, rebateu nota equivocada do jornalista Lauro Jardim, publicada no jornal O Globo em 13 de fevereiro de 2016. Segundo Jardim, o fato de o petróleo representar 80% da produção da Petrobrás, segundo ele em detrimento da exploração do gás, é produto da “falta de estratégia” da Companhia, já que o gás seria o combustível de transição entre o petróleo e a futura geração de energia limpa. Citando um conhecido consultor lobista, Jardim afirma que daqui a alguns anos, “certamente será difícil encontrar quem vá comprar esse petróleo”.
Maranhão contestou Jardim através desta carta, desprezada pelo colunista de O Globo e que agora publicamos para o conhecimento de nossos leitores.
Prezado Jornalista LAURO JARDIM,
Sobre nota em sua coluna PETROBRÁS NA CONTRAMÃO seus leitores têm direito à informação correta. Na natureza é variável a relação entre o óleo e o gás natural produzidos em um poço. Há jazidas que praticamente, só produzem gás, como no Campo de Pilar, em Alagoas. Outras onde a razão óleo / gás é muito elevada, ou seja, muito óleo e pouco gás.
A produção de gás natural da PETROBRÁS cresceu, extraordinariamente, quase dobrando nos últimos 10 anos.
O gás natural (GN) é, realmente, um combustível excelente. Mais limpo que o óleo, pode substituir a gasolina, o diesel, o óleo combustível, praticamente todos os demais derivados de petróleo. Uma exceção, talvez seja, ainda, o querosene de aviação. Com GN pode-se fazer fertilizantes. Cozinhar. Gerar energia elétrica. Aquecer residências. Produzir solventes. GLP, gasolina, etc etc. Esclareço: o gás natural é petróleo na fase gasosa, assim como a gasolina, o diesel, o querosene também são petróleo, na fase líquida. Asfalto, petróleo sólido (dependendo, naturalmente, da temperatura).
O petróleo brasileiro, produzido até pouco tempo atrás, era majoritariamente pesado, com pouca produção de gás. Isto está mudando com o Pré-Sal. O índice de aproveitamento do gás (reinjeção, geração de energia nas plataformas, e consumo próprio, comercialização etc é muito elevado). A queima de gás da PETROBRÁS está dentro dos padrões internacionais.
Afirmar que, “daqui a alguns anos, certamente, será difícil encontrar quem vai comprar este petróleo” talvez seja assertiva correta para o final deste século. Antes disto, as nações hegemônicas e fortemente dependentes do petróleo e de energias diversas, como USA, JAPãO, ALEMANHA, CHINA,FRANÇA, continuarão, em exercícios da geopolítica, disputando o controle das jazidas, se necessário, com o emprego da força militar, como no caso da Líbia, do Iraque, do Kuwait, para citar, apenas, os exemplos mais recentes.
Não há nada de errado na relação de produção da PETROBRÁS, cotejando óleo com gás natural. Ela é consequência da natureza das jazidas até aqui descobertas. Repito, como o Pré-Sal tem muito gás, esta relação tende a se alterar.
Certo de seu apreço pela inteligência de seus leitores, envio um forte abraço, ao tempo em que me coloco à disposição para todos os esclarecimentos desejados.