Prezado Jornalista NICOLA PAMPLONA,
Fazemos referência à matéria de sua autoria, “PETROBRÁS TENTA CONVENCER GREVISTAS SOBRE A VENDA DE ATIVOS. Presidente da Estatal divulgará cartas aos funcionários numa estratégia de se aproximar da força de trabalho”.
Sobre o assunto permita-nos os seguintes esclarecimentos:
– a PETROBRÁS tem, ninguém discorda, uma dívida expressiva, oriunda, principalmente, do congelamento dos preços dos derivados de petróleo, por quatro anos, na tentativa, equivocada, de controlar a inflação (prejuízo entre 60 e 80 bilhões de reais). Também contribuíram para a dívida, a variação cambial, a queda acentuada nos preços do petróleo ( de US$ 130 para US$ 49,00 o barril) e investimentos pesados na construção de refinarias e na descoberta / desenvolvimento das jazidas do PRÉ-SAL;
– setores da imprensa e outros, ligados a interesses bem identificados, exageram na avaliação da dívida e afirmam, cavilosa e irresponsavelmente, que a mesma é impagável e que a PETROBRÁS está “FALIDA”, “QUEBRADA”. O objetivo desta campanha é a desmoralização da imagem da maior empresa brasileira para avançar com a entrega do PRÉ-SAL às multinacionais e ensejar a privatização da Companhia;
– fatos demonstram que a dívida pode ser equacionada, e que a PETROBRÁS continua sólida, merecendo a confiança da comunidade financeira internacional. A empresa lançou títulos com vencimento para cem anos. O perfil da dívida vem sendo alongado. As colocações de papéis têm demandas muito superiores às ofertas. A produção de óleo e gás vem batendo recordes sucessivos. As reservas descobertas são enormes. A empresa é a única que tem reposição de reservas em nível superior ao petróleo produzido, nos últimos 13 anos;
– somente a valorização do real frente ao dólar já permitiu a redução na dívida, da ordem de R$ 100 bilhões (1 US$ = R$ 4,25 para 1 US$ = R$ 3,25)!! Esta redução, da ordem US$ 31,00 bilhões é mais do que o dobro dos US$ 14,40 bilhões que a direção da empresa pretende arrecadar vendendo ativos, em 2016;
– o Corpo Técnico da Companhia, representado pela Associação dos Engenheiros da PETROBRÁS – AEPET, entidade com 55 anos e mais de 3000 associados, já enviou à Direção, como sugestão, um elenco de 10 medidas para reduzir, desdolarizar e alongar, ainda mais, a dívida;
– o atual presidente da PETROBRÁS, no passado, colaborou na formulação de medidas, para socorrer bancos em processo falimentar. Agora “ele voltou a frisar que não espera que a União socorra a estatal”. Registre-se que, caso o Governo Federal viesse a fazer algum aporte de capital ou adotasse medida semelhante não seria “socorro”. Tão somente reposição das dezenas de bilhões de reais que subtraiu da Companhia e de seus acionistas, em política equivocada de combate à inflação. Desejasse o Governo subsidiar os consumidores com combustíveis abaixo do custo que o fizesse com recursos do Tesouro e não sacrificando a PETROBRÁS e dezenas de milhares de acionistas;
– a redução dos investimentos da PETROBRÁS tem trágicas conseqüências para o Brasil, pois a Empresa representa cerca de 15% de nosso PIB;
– embora o Corpo Técnico tenha sugerido medidas para solução da dívida, os desinvestimentos nelas incluídos, a atual direção da Companhia, escolheu a venda de ativos quase como a única e a faz de forma atabalhoada, em governo interino, processo marcado por estranha e lamentável ligeireza, sem transparência, com possibilidade de criar monopólios privados estrangeiros, esquartejando a Companhia, alienando ativos estratégicos, valiosos, entregando-os a concorrentes, enfraquecendo a PETROBRÁS e prejudicando os consumidores. A venda do controle da BR DISTRIBUIDORA, a entrega de CARCARÁ e as negociações com a BROOKFIELD para cessão da malha de gasodutos, com milhares de quilômetros, são operações lesivas à PETROBRÁS , comprometendo a segurança energética do país e a nossa SOBERANIA;
– de nada adiantará o envio de correspondências aos empregados, na tentativa de explicar o inexplicável. Melhor seria promover o diálogo, em administração democrática, buscando, com a força de trabalho, competente, dedicada, que “veste a camisa”, o bem e a grandeza da PETROBRÁS.
Atenciosamente,
Ricardo Maranhão
Engenheiro, foi Deputado Federal (PSB-RJ), ex Presidente da AEPET, é Conselheiro do Clube de Engenharia.
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