Em seu boletim de número 45, o Movimento em Defesa da Economia Nacional (Modecon), expressou sua posição sobre a crise na Petrobrás.
Nossa Opinião
1. Acompanhamos os desdobramentos da “operação Lava-jato”, que a Polícia Federal e os promotores públicos têm levado a efeito com vista à apuração de atos de corrupção na Petrobrás. A mídia tem-se ocupado de forma sistemática dessa matéria acrescentando sua picardia no sentido de criminalizar o governo como se ele fosse o responsável primeiro por essas falcatruas. Até pode ser, uma vez apurados tais desvios criminosos, mas desde que seja tramitado e julgado o processo, fato que parece pouco importar aos jornalões. Um depoimento por mais contundente não é por si só suficiente para condenar o governo e dirigentes da estatal bem como os petroleiros em geral, conclusão que o povão faz movido pela indução das matérias de cunho supostamente jornalísticas. O MODECON manifesta seu apoio a todos os movimentos e atos em defesa do monopólio estatal brasileiro, sem prejuízo da marcha das apurações que vierem a identificar reais e comprovados desvios de recursos da mais importante conquista do povo brasileiro, que foi a criação da Petrobrás.
2. Há pouco o conhecido “Jornal Nacional” ao se referir à reação justa ainda que violenta de populares diante da estúpida e injustificável morte de um jovem de uma comunidade carente sentenciou: os vândalos queimaram um ônibus. Não seria o caso de dizer que o vandalismo de policiais têm sistematicamente cometido crimes contra os pobres, ao investirem contra populações indefesas, sob a legação de que protegem bandidos e traficantes? Dois pesos e duas medidas, numa clara distinção de classe social, o que reforça a ideia de que essas forças policiais são treinadas para servir aos intentos dos poderosos de plantão. Diante do acúmulo de atos desviantes na corporação é hora do governo do estado adotar medidas severas no sentido de impedir que crimes perpetrados em nome da ordem se reproduzam com perdas humanas que tem sido cada vez mais banalizadas.
3. Por outro lado, à revelia dos princípios de austeridade republicana, o juiz Flávio Roberto de Souza é flagrado dirigindo o PorscheCayenne Turbo avaliado em cerca de 650 mil reais e ainda outros bens do falido empresário Eike Batista. Certo de que é um cidadão acima de qualquer suspeita o magistrado age como certos policiais o fazem à revelia da lei e dos instrumentos de controle das instituições. Em outras palavras, essas atitudes repetitivas em nosso cotidiano se resumem no raciocínio segundo o qual se alguém age na contramão do direito por que alguém encarregado da ordem não pode também assim agir? Afinal, são “autoridades”. Tradicionalmente o princípio da autoridade entre nós resvala com frequência para a prática do autoritarismo. E parece que apesar de se ter convivido durante vinte e um anos de regime autoritário, que só reforçaram essa tradição de origem mais remota porquanto escravocrata, ela se mantém ativa. É preciso, pois, democratizar as relações entre estado e sociedade passando para esta o papel de condutor dos destinos do povo brasileiro. Este discurso já se ouvia durante o período de transição da ditadura para a democracia política consagrada pela Constituição de 1988. Porém, até hoje e a despeito de muitos esforços padecemos desse velho problema para o vigor da democracia no Brasil.
Lincoln de Abreu Penna
Presidente
FONTE: Modecon