Notícia

Mundo do petróleo desinveste e demite

Data da publicação: 22/01/2015
Autor(es): Rogerio Lessa

Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), os baixos preços do petróleo já provoca redução de investimentos e cortes de empregos, sobretudo nos produtores não ligados à Opep. Entre estes, foi feita uma revisão, para baixo, de 950 Mbpd em 2015. E os principais cortes virão dos EUA e Canadá, de 75 e 95 Mbpd, respectivamente, estando agora a 850 e 220 Mbpd em relação a 2014.

A AIE, no entanto, enxerga a tendência de um mercado mais equilibrado no segundo semestre, já que a demanda não reage às baixas do petróleo, “por estar sendo influenciada pelos efeitos da tímida economia mundial, tais como o enfraquecimento das moedas de países consumidores, cortes nos subsídios, aumentos nos impostos, redução nos gastos de países produtores e temores de uma possível deflação.”

Apesar do equilíbrio, não há garantia do restabelecimento do status quo anterior, devido à superprodução de petróleo leve não convencional dos EUA e à postura da OPEP, que deve aumentar ainda mais a oferta. Para este comportamento, há duas análises distintas. A primeira aponta para o interesse geopolítico de superpotências, interessadas no enfraquecimento de Irã, Rússia, Venezuela e também da Petrobrás, já que o pré-sal precisa do petróleo no mínimo a US$ 45 o barril para ser economicamente viável.

Outra corrente avalia que a Arábia Saudita, sobretudo, estaria interessada em tornar pouco competitivo o gás de folhelho (xisto), cuja produção exigiria um preço do barril de petróleo em cerca de US$ 95.

Este cenário já se reflete na oferta de empregos no setor como um todo. A Total já anunciou redução de 10% em seu investimento em exploração este ano. O plano de desinvestimentos de US$ 10 bilhões até 2017 será acelerado. A Total espera também uma economia de US$ 1,2 bilhões nos gastos operacionais, mais do que o valor de US$ 880 milhões originalmente previsto.

Por sua vez, a Schlumberger espera que os gastos das empresas de óleo e gás na América do Norte caiam até 30% neste ano. Fora da América do Norte, a empresa espera uma redução de 10-15% nos investimentos em upstream. Para se adaptar a esse novo ambiente, a empresa está se reestruturando, cortando 9 mil postos de trabalho, ou 7% da sua força de trabalho.

Já a Halliburton e a Baker Hughes, que devem finalizar seu processo de fusão neste ano, também anunciaram demissões. A Baker Hughes anunciou que deve demitir, ainda em 2015, 7 mil empregados, o que equivale a 12% da sua força de trabalho mundial, enquanto a Halliburton pretende demitir, no mínimo, 1 mil empregados fora dos EUA, segundo a Platts.

Diante deste quadro, vale ressaltar que apesar dos problemas específicos envolvendo a Petrobrás, que devem ser investigados e resolvidos, como tem ponderado a AEPET, deve-se considerar que nossa estatal do petróleo não está imune a este quadro geral de demissões e desinvestimento, fruto da queda acentuada do petróleo e da recessão mundial. Se, por um lado, esta queda beneficia no curto prazo a Companhia, que é importadora líquida de petróleo, as metas de investimentos futuros precisam ser reduzidas quando a demanda está em queda.