Unidade de contabilidade dos Brics avança e seria alternativa de desdolarização caso moeda dos EUA perca de vez a confiança.
Em entrevista à RIA Novosti, semana passada, com o diretor executivo da Rússia no FMI, Alexey Mozhin, alertou para os riscos do dólar e a importância de uma alternativa segura para os países: “Em última análise, o sistema repousa na confiança de que, em dólar, os ativos estão seguros. De acordo com as minhas estimativas, se a dívida norte-americana continuar a aumentar – que é agora o cenário base – então, é claro, a confiança na segurança dos ativos em dólares diminuirá. Uma vez perdida esta confiança, o caos se instalará na economia global.” A dívida líquida dos EUA cresce ao ritmo de US$ 2,5 trilhões por ano e aumenta a corrida pela desdolarização.
“Existe a possibilidade de um colapso do sistema monetário global? Parece-me que tal possibilidade existe”, disse Mozhin. A alternativa ao dólar está em discussão no Brics. “Para começar, é possível criar uma unidade de contabilidade do Brics, construída sobre uma cesta de moedas dos cinco países-membros [fundadores]: 40% yuan chinês, 25% rupia indiana, 15% rublo russo, 15% real brasileiro e 5% rand sul-africano. Uma espécie de ‘SDR do Brics’”, enfatizou Mozhin.
“Também é possível fazer cotações diárias das principais commodities: petróleo, grãos, ouro, outros metais, madeira e muito mais. Além disso, será possível recalcular e converter nele o comércio mútuo dentro do Brics. Este é um projeto muito bom”, completou.
“No caso do colapso do dólar e do sistema monetário internacional, será necessário transformar a unidade contábil do Brics numa moeda real apoiada por bens transacionados em Bolsa”, concluiu o russo.
Índia e Nigéria caminham para desdolarização
Índia e Nigéria se preparam para assinar um acordo para conduzir o comércio em moedas locais. Os 2 países também estabelecerão uma interface de pagamento unificada, de acordo com comunicado do Ministério do Comércio indiano, divulgado pela Sputnik. O comércio bilateral totalizou US$ 11,8 bilhões em 2022–2023, tornando a Nigéria o segundo maior parceiro comercial da Índia na África.
Publicado em 08/05/2024 em Monitor Mercantil.