Desde que começaram as denúncias de subornos e propinas na Petrobrás, o patrimônio da empresa e de suas ações vem se desvalorizando sistematicamente. A Associação dos Engenheiros a Petrobrás (AEPET) entende que a ação levada a cabo por grupos nacionais e internacionais, além de funcionários da empresa cooptados em função de diretorias e de gerências, está “sangrando” a Petrobrás sem data para terminar e facilitando as tentativas de privatização da empresa. As ações, que em setembro deste ano valiam R$19,12, com a empresa valendo no mercado R$ 255 bi, passaram a valer no último dia 12 de setembro R$ 9.46, com o valor da empresa em R$ 127 bilhões. Assim, em função do aparelhamento da empresa e de seu uso para fazer política econômica de governo, a AEPET está propondo à direção da empresa que recompre todas as ações para eliminar esse problema da corrupção e outros que, porventura, venham a aparecer.
A AEPET vem desde 1995, denunciando os desmandos que estão ocorrendo na empresa, culminando com a operação Lava-Jato. O conselheiro de Administração da empresa eleito pelos trabalhadores, Silvio Sinedino, que é Presidente da AEPET, foi o primeiro a denunciar a compra superfaturada da refinaria de Pasadena, em 2012. A AEPET repudia manobras empresariais e sindicais pelegas e se coloca definitivamente contra corruptos e privatistas.
O modelo EPC
As pessoas que assaltaram os cofres da Petrobrás e que se instalou por lá na década de 1990, desde então têm sido vigiados de perto pela AEPET. A terceirização foi aprofundada com o modelo EPC (Engineering, Procurement and Construction), que são contratos de amplo escopo e que foi abandonado pela Petrobrás na década de 60, por deixá-la refém de um único fornecedor, além de facilitar a cartelização das empreiteiras. A AEPET tem denunciado os EPCs e exigido uma mudança imediata do modelo.
Para a entidade, a centralização das decisões e o fim da meritocracia deixaram “gestores com chicotes assumirem cargos de decisão. Não são melhores gerentes. São somente gerentes medíocres com chicotes”.
O tamanho do problema
O faturamento da Petrobrás totalizou R$ 255bilhões no acumulado de janeiro a setembro deste ano, alta de 13% sobre o período anterior. O caixa da empresa cresceu 59%, para R$ 62,4 bilhões. A produção de petróleo e gás também aumentou, atingindo níveis recordes, de 2,62 milhões barris por dia em Jan/Set 2014, alta de 3% sobre igual período do ano anterior.
A Petrobrás, que nasceu como fruto da luta de trabalhadores, estudantes e intelectuais contra aqueles que não queriam a independência energética do país, está tendo que recomeçar a luta em defesa da empresa, para que se reafirme como um dos principais instrumentos de desenvolvimento e soberania do país, afirma a direção da entidade.
O aumento da produção de petróleo e do refino já se reflete em queda nas importações e melhora na balança comercial. A crise na estatal, vítima hoje de um violento ataque especulativo, terá um fim, afirma a AEPET .
Diálogo com a presidência
Uma das primeiras iniciativas da AEPET com a posse da atual Presidente Graça Foster na Petrobrás foi solicitar uma audiência à presidente. A pauta foram justamente os EPC’s, a questão da meritocracia e as nomeações políticas para os cargos dirigentes da companhia. A depender da AEPET, pessoas como Sérgio Machado e Paulo Roberto Costa não teriam espaço na companhia. Acordos políticos de governabilidade deveriam excluir a Petrobrás e as demais estatais, devendo seus dirigentes ser eleitos de forma direta por seus funcionários, declara a entidade.