A Petrobrás divulgou nesta quinta-feira (28) a nova estrutura organizacional e o novo modelo de gestão e governança da empresa, aprovado pelo Conselho de Administração. Na opinião do presidente da AEPET, Felipe Coutinho, a reestruturação, com a redução da superestrutura gerencial, é bem-vinda. “O sentido de democratizar as tomadas de decisão, com a participação colegiada dos executivos, e respeito aos pareceres técnicos também. Outro ponto positivo é a responsabilização dos gestores”, opina Coutinho.
Entretanto, é preciso reduzir a burocracia e incentivar a realização do trabalho diretamente pelos petroleiros, sem contratos ou consultores externos. A reestruturação por si só não responde a esta necessidade. “É necessário garantir a transparência, democratizar o local de trabalho e subordinar a Petrobrás ao interesse da maioria dos brasileiros. O quanto a reestruturação vai contribuir neste sentido, ainda é cedo para avaliar”, finaliza Coutinho.
Segundo o comunicado da Petrobrás, a reestruturação envolve a redistribuição de atividades, a fusão de áreas e a revisão do modelo decisório. Um dos objetivos centrais é ampliar os mecanismos de controle e conformidade.
Com as mudanças, estima-se redução de custos de até R$ 1,8 bilhão por ano. Também está prevista redução de pelo menos 30% no número de funções gerenciais em áreas não operacionais. Atualmente a Petrobrás tem cerca de 7,5 mil funções gerenciais aprovadas, das quais 5,3 mil estão em áreas não operacionais.
A primeira fase da reestruturação resultará na redução de 14 funções na alta administração. O número de diretorias cairá de sete para seis com a junção das diretorias de Abastecimento e Gás e Energia que passarão a compor a Diretoria de Refino e Gás Natural. Já o total de funções gerenciais ligadas diretamente ao Conselho de Administração, ao presidente e aos diretores será reduzido de 54 para 41.
A segunda fase, prevista para fevereiro, abrangerá as demais funções do corpo gerencial. As nomeações e a alocação de equipes ocorrerão a partir de março.
Responsabilização e conformidade
Serão criados seis Comitês Técnicos Estatutários compostos por gerentes executivos que terão a função de analisar previamente e emitir recomendações sobre os temas que serão deliberados pelos diretores, que serão corresponsáveis nos processos decisórios.
Por seu caráter estatutário, os atos dos comitês estarão sujeitos à fiscalização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Para a designação de gerentes executivos, haverá novos critérios de análise de integridade e de capacitação técnica e de gestão. Além disso, caberá ao Conselho de Administração aprovar as nomeações e desligamento para estas funções.
A execução dos projetos de investimento será centralizada na nova Diretoria de Desenvolvimento da Produção & Tecnologia (DP&T). Essa nova estrutura concentrará a gestão e as competências técnicas de implantação de empreendimentos.
As contratações para projetos de investimentos envolverão, como regra, três diretorias: a diretoria demandante, que concebe o projeto técnico básico; a DP&T, que desenvolve o projeto; e a Diretoria de RH, SMS e Serviços, que licita e contrata bens e serviços. O redesenho do processo de contratação de projetos e serviços evita a concentração excessiva no processo decisório.
Visando aumentar a rentabilidade dos negócios, o novo modelo promove a fusão de áreas para melhor aproveitamento das sinergias entre elas. Desta forma, Abastecimento e Gás & Energia passarão a compor a Diretoria de Refino e Gás Natural.
A Diretoria de Exploração e Produção será organizada por classes de ativos, com a criação de estruturas para Águas Profundas, Águas Ultraprofundas, Terrestre e Águas Rasas.